Phoenix e Crowe: de volta ao Império Romano.
Ridley Scott não viva os seus melhores dias antes de lançar Gladiador. Seu último sucesso havia acontecido em 1991 quando juntou Susan Sarandon e Geena Davis em Thelma & Louise. Quase dez anos passaram e o público era cada vez menos admirador de suas histórias. O melhor de Scott parecia ter ficado para trás. Quando ele surgiu ao lado de Steven Spielberg com a ideia de um filme ambientado no império romano, as pessoas devem ter pensado que os dois haviam enlouquecido. Esse tipo de épico estava fora de moda desde que Cleópatra (1963) havia se tornado um dos maiores fracassos de Hollywood. O orçamento para os épicos grandiloquentes costumam ser inchados e Gladiador já tinha estourado o orçamento quando chegou à quantia de 103 milhões na produção. Dizem que o roteiro nem estava pronto quando começaram as filmagens e que Scott considerou o texto original tão ruim que construía o novo rumo dos personagens conforme observava a atuação do elenco. No centro da trama estava Russel Crowe - um ator neozelandês que fazia tempo que buscava um lugar ao sol na capital do cinema. Ele ainda não era um astro, tinha no currículo os elogios por sua atuação como Bud White em Los Angeles - Cidade Proibida (1996), a desistência de viver Wolverine no filme dos X-Men e uma indicação ao Oscar por O Informante (1999). Ao seu lado estava Joaquin Phoenix, o irmão de nome estranho do finado River Phoenix. Joaquin já demonstrava ter talento, mas ainda lhe faltava aquele papel que o faria ser levado a sério perante os produtores. Assumido todos os riscos, bastou duas semanas em cartaz para que o filme conseguisse ultrapassar o seu custo. As críticas positivas começaram a aparecer e o público correspondia positivamente por aquela mistura de Ben Hur (1959) com Spartacus (1960) temperado ao gosto das plateias do século XXI. Scott caprichou nas cenas de ação, na sanguinolência de tom operístico e, tinha como trunfo, um protagonista que fazia um gladiador com toques shakesperianos. Russel Crowe é a maior atração do filme. Sua atuação como Maximus era capaz de ganhar a plateia masculina pelo vigor nas cenas de luta e o público feminino admirava seu jeito rústico de flertar com a irmã do inimigo. Vamos à história: Maximus era um general do exército romano, braço direito do imperador Marcus Aurelius (Richard Harris). Tudo que ele queria era voltar para casa depois de uma sangrenta batalha, mas com a morte de Aurelius, ele passa a ser perseguido pelo herdeiro do império, Commodus (Joaquin Phoenix, indicado ao Oscar de coadjuvante) - que assassina o próprio pai, cobiça a própria irmã vivida por Connie Nielsen e manda dar cabo da família de Maximus... haja vilania! Pelas voltas do roteiro, Maximus se tornará um gladiador e começará uma espécie de revolução quando entrar na arena, desafiando a popularidade de Commodus e suas ambições. Visto hoje, o filme pode até ter perdido parte da graça depois dos genéricos de menor qualidade que gerou, mas ainda funciona com sua direção de arte, efeitos especiais e uma das atuações mais inpiradas de Russel Crowe - que levou o Oscar de ator para casa. O filme ainda ganhou os Oscars de figurino, efeitos especiais, som e Melhor Filme. Scott acabou perdendo a estatueta pra Steven Soderbergh (Traffic), dizem que por conta do resultado questionável de seu trabalho em Hannibal (lançado no mesmo ano que Gladiador). Mas e daí? A carreira de Scott engatou novamente e ele voltou ao páreo de Melhor Diretor com Falcão Negro em Perigo (2002) e fez um dos filmes mais interessantes de sua carreira no ano passado: Prometheus.
Gladiador (Gladiator/EUA-Reino Unido/2000) de Ridley Scott com Russel Crowe, Joquin Phoenix, Connie Nielse, Richard Harris, Oliver Reed e Djimon Houson. ☻☻☻☻
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