Morgan para Swank: "Devolve um Oscar minha filha, devolve..."
Hilary Swank deve ficar p*ta da vida quando as pessoas ficam lembrando que ela tem dois Oscars de Melhor Atriz na estante (nem vou relembrar a multidão de grandes atrizes que não tem nem um de coadjuvante) e que, fora os filmes que a premiaram, ela não sabe escolher um roteiro que preste (a exceção que confirma a regra ainda é Insonia/2001 de Christopher Nolan). Ao mesmo tempo, deve ser muito triste que apesar desses prêmios você não tenha um fã clube capaz de fazer com que seus projetos tenham um mínimo de projeção. Desde Menina de Ouro (2004) dirigido por Clint Eastwood que Swank tem problemas com os filmes que protagoniza (até Conviction/2010, que quase a indicou ao Oscar, lhe rendeu processos e tudo mais), a verdade é que a Academia poderia abrir um processo para confiscar um dos Oscars da atriz - já que, embora oscarizada, qualquer picareta poderia fazer as suas cenas em A Inquilina, suspense paupérrimo estrelado por ela e Jeffrey Dean Morgan (que foi seu par mais caloroso na brincadeira de mau gosto P.S. Eu Te Amo/2007). Curiosamente é que a atuação de Morgan como um voyeur consegue ter momentos mais interessantes do que da celebrada atriz - que confiou tanto no fiapo de roteiro que até bancou a produção! A inquilina é aquele tipo de filme que você vê no cinema quando o ingresso para o filme que queria ver acabou ou quando não sobrou nada na locadora naquele final de semana chuvoso, mas você acaba vendo até o fim para saber como aquela palhaçada termina. Masoquismo? Pode ser! Juliet (Swank) é uma médica que aluga um apartamento em Nova York por um preço abaixo da tabela de mercado, fica tão feliz que nem se dá conta que é um dos prédios mais sinistros que deve haver por aquelas bandas. Com pouca luz (cineastas pouco criativos acham que não enxergar cria tensão na plateia) e dividindo o espaço com o proprietário solitário Max (Morgan) e o avô adoentado com cara sinistra (Christopher Lee). O que poderia ser um suspense promissor começa a ir para o vinagre quando ao mesmo tempo que flerta com Max ela começa a choramingar por ter pego o noivo na cama com outra (isso sem contar aquele flashback desnecessário quando as coisas esquentam). Como é uma mulher contemporânea (com alma de Amélia) ela fica desorientada ao ponto de gostar de andar com pouca roupa no escuro, sem rádio ou televisão por perto para distrair. Curioso é que Max também não gosta de TV ou rádio, prefere se distrair espiando sua inquilina por um bando de frestas espalhadas pela casa (interessante como esse mundo clandestino de Max é apresentado cheio de goteiras, canos e luzes vermelhas como se fosse um cenário de Alien). Cheio de esperanças as coisas pioram quando Juliet ameaça reatar com o carinha que despedaçou o seu coraçãozinho. E aí você pode imaginar o que acontece com Max. O mais interessante do filme é que mais uma vez o cinema atual fracassa ao tentar levar para a telona uma trama sobre voyeurismo, um tema interessante (ainda mais em tempos de Big Brother), mas que tem descambado para os caminhos mais óbvios até o desfecho. Max tem algumas ações monstruosas com seu objeto de desejo e a atuação de Jeffrey Dean Morgan consegue lhe dar mais nuances do que um pervertido desse tipo de produção (sua construção é melhor do que a de William Baldwin no igualmente pífio Invasão de Privacidade/1993), pena que no meio do caminho o roteiro prefere descambar para a violência tão deslocada quanto o tom romântico de algumas cenas. Fico pensando o que Swank tem na cabeça quando aparece na tela fazendo caretas como uma garota magricela, de músculos definidos, dentes gigantes e nada mais. Será que dois Oscars não garantem a uma pessoa ser chamada para projetos mais interessantes do que esse?
A inquilina (The Resident/EUA-2011) de Antti Jokinen com Hilary Swank, Jeffrey Dean Morgan, Lee Pace e Christopher Lee. ☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário