5 Dublê de Corpo (1984) Brian DePalma é famoso por reciclar ideias - especialmente se elas forem de Alfred Hitchcock. Aqui ele parece costurar Janela Indiscreta (1954) em Um Corpo que Cai (1958) e o resultado é um dos seus maiores sucessos - e ainda serviu para dar um empurrãozinho na carreira de Melanie Griffith. O ator Jake Scully (Craig Waisson) é convidado a tomar conta de um apartamento luxuoso, para melhorar ele ainda tem a visão panorâmica do quarto da vizinha que adora fazer striptease de frente para a janela. Quando percebe que existe outro homem observando a mulher, Jake inicia uma vigilância constante à vizinha - e testemunha um assassinato. É quando uma atriz pornô (Griffith, com as melhores falas do filme) cruza seu caminho e o ajuda a juntar as peças de um perigoso quebra cabeças. DePalma consegue construir um suspense moderno com atuação acalorada de Melanie - que nunca mais apareceu tão sexy diante de uma câmera.
4 Sexo, Mentiras e Videotape (1989) Steven Soderbergh criou grande estardalhaço em seu primeiro longa metragem - que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes. Aos 26 anos, Soderbergh chegou a brincar com o que se tornou uma espécie de maldição dizendo que "dali em diante tudo iria ladeira abaixo". O filme retrata um homem impotente (James Spader) que gosta de filmar depoimentos de mulheres sobre fantasias sexuais. Este é só o ponto de partida para um filme centrado em quatro personagens principais: uma mulher frígida (Andie MacDowell) e o marido (Peter Gallagher) que a trai com a cunhada (Laura San Giacomo). O olhar de Soderbergh sobre as relações amorosas à borda dos anos 1990 demonstra que já se valorizava mais ver do que sentir. Uma dramédia de discreto erotismo que consegue retratar bem sua geração - e que se tornou tão clássica quanto cult.
3 A Vida dos Outros (2006) Estupendo filme alemão dirigido pelo diretor Florian Henckel Von Donnersmarck (que depois cometeu o equívoco O Turista/2010) que levou o merecido Oscar de filme estrangeiro pelo seu filme de estreia. Em meio a tensão da Berlim Oriental no ano de 1984 (George Orwell?) o governo comunista vigiava seus cidadãos de perto através de filmagens e grampos secretos. Instigados com as obras de um dramaturgo (Sebastian Koch), o governo pede a um renomado agente (Ulrich Tukur) que o vigie dia e noite para desmascarar as ideologias escondidas em suas obras de sucesso. Aos poucos, o modo de vida do dramaturgo ao lado da esposa atriz (Martina Gedeck) causa fascinação no agente, ao ponto dele se tornar uma espécie de anjo da guarda. Ancorado pela excelente atuação do falecido Tukur e uma atmosfera sufocante de suspense, o filme é um olhar curioso sobre um voyeur que fez disso a sua profissão.
2 Janela Indiscreta (1954) Este deve ser o filme voyeurístico mais famoso de todos os tempos, um verdadeiro clássico que deve estar por trás das melhores e piores ideias sobre o tema. Já foi refilmado e reciclado diversas vezes, mas nenhum contém o brilho e a originalidade de Hitchcock. Um fotógrafo (James Stewart, o grande muso do diretor) está repousando em seu apartamento confinado à uma cadeira de rodas. Para passar o tempo, começa a se distrair espiando a vida dos vizinhos pelas lentes de sua teleobjetiva. Um dia acaba testemunhando um assassinato: um vizinho mata a própria esposa. Resta a ajuda da namorada (Grace Kelly) para convencer os outros de que não está imaginando coisas. Se contar mais estraga...
1 Caché (2003) Todo cinéfilo é essencialmente um voyeur, assistimos filmes para passar cerca de suas horas espionando a vida daqueles personagens (e a escuridão do cinema nos deixa ainda mais clandestinos). Michael Haneke deve ter lembrado disso quando escreveu seu tão aclamado quanto estranho Caché. Premiado em Cannes o filme eleva a paranoia de um casal à enésima potência ao começar a receber fitas registrando a casa onde vivem, a sensação da privacidade ser invadida faz com que comecem a buscar uma razão para aquilo. As fitas seriam uma ameaça? O que o voyeur planeja? Será uma vingança? O que ele já pode ter registrado? Quem seria essa pessoa? O medo diante do desconhecido faz com que revisitem sua história e desenterrem seus segredos. Com a última cena, Haneke deixa bem clado que interessa menos quem é culpado ou inocente e sim o papel do espectador nessa trama repleta de racismo e xenofobia, afinal, somos nós que testemunhamos todos os acontecimentos em torno do casal vivido por Juliette Binoche e Daniel Auteil.
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