domingo, 18 de março de 2018

PL►Y: Mudo

Alexander: Amish cyberpunk.

Em 2009, Duncan Jones estreou na direção com o excelente Lunar. Longa que ainda apresenta a melhor atuação de Sam Rockwell e chamou atenção para o cineasta, que estreou fora da sombra do pai, o ícone David Bowie. Seus filmes seguintes foram feitos com orçamento robustos para grandes estúdios, mas não foram tão interessantes. Quando apareceram as primeiras imagens de Mute a galera ficou otimista. Produzido pela Netflix com toda a famosa liberdade criativa que proporciona, o filme está disponível desde o final de fevereiro, sendo bem menos falado do que se imaginava. O filme começa mostrando como Leo perdeu a voz por danos nas cordas vocais quando ainda era pequeno. Chegamos então ao ano de 2058 e o personagem já está crescido (e com a cara do sueco Alexander Skarsgård), mas um tanto deslocado na cidade de Berlim repleta de imigrantes e brilho de luzes neon. Leo é religioso, sendo interessante a ideia de colocar um personagem Amish no futuro, já que os adeptos desta religião não andam de carro, não utilizam eletricidades e não podem utilizar qualquer máquina que não seja movida pela força muscular (de um homem ou de um animal). Leo mora num bairro da pesada, num apartamento modesto (com energia elétrica), só bebe água, faz desenhos num bloquinho com um lápis, trabalha como barman numa boate de strip e namora uma garçonete árabe de cabelo azul, bem... no futuro, talvez um Amish possa ser assim. Leo e Naadirah (Seyneb Saleh) tem alguma química e funcionam como duas almas perdidas no cenário cyberpunk que o filme oferece. No entanto, assim como as obras recentes do gênero (como o brilhante Blade Runner 2049 e a série Altered Carbon) existe um mistério a ser decifrado. Naadirah some repentinamente e todas as lacunas que existiam sobre ela farão falta para que o namorado a encontre. A busca de Leo é um tanto desengonçada, já que nem ele sabe direito como encontrá-la, mas para o espectador existe uma pista desde o início. Ela está na figura de Cactus Bill (Paul Rudd), um sujeito estranho que vive perambulando com sua filha e um amigo pouco confiável (vivido por Justin Theroux) durante boa parte do filme até que descobrimos como os dos núcleos se misturam. No fim das contas, Mudo é um filme esquisito, onde as ideias não se encaixam muito bem e se perdem na narrativa um tanto arrastada na longa duração do filme. O elenco é esforçado e o visual do filme é de encher os olhos, mas... o filme não convence.  Jones alcança um resultado confuso e arrasta o final do filme mesmo quando ele já deveria ter terminado. Mudo parece a colagem de vários outros filmes do gênero, não tem muita personalidade ou atmosfera suficiente para prender a atenção do público em suas intermináveis duas horas de duração. Sinceramente, eu preferia quando Jones fazia muito mais com muito menos - e este gosto só se fortalece quando percebemos que Mudo se passa no mesmo universo de Lunar. Sam Rockwell sozinho na Lua era muito mais interessante.

Mudo (Mute / Reino Unido - Alemanha / 2018) de Duncan Jones com Alexander Skarsgård, Paul Rudd, Justin Theroux, Seyneb Saleh e Sam Rockwell. 

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