Jamie e Mackie: drogas viajantes no tempo e no espaço. |
A primeira vez que ouvi falar de Synchronic foi quando escolhi os melhores pôsteres de 2020. Desde então eu comecei a criar uma história para aquele cartaz na minha cabeça, misturando as referências das imagens e do nome. Vale dizer que não assisti ao trailer ou procurei qualquer matéria sobre o filme (o que considero um hábito bastante saudável se você não quer estragar as surpresas que um filme reserva). O mais interessante é que ao tentar assistir ao filme, sem maiores referências, com alguns minutos de filme eu me dei conta que o filme bolado na minha cabeça era muito melhor do que a produção que eu assistia. A ideia já começou a me deixar com o pé atrás quando vi que se tratava de mais uma trama sobre droga sintética "com poderes mágicos" - e em se tratando de um filme que se apresenta como ficção científica, fica claro que tudo é possível a partir daí. Há de se registrar que é uma escolha interessante fazer um filme em torno de dois paramédicos, Steve (Anthony Mackie) e Dennis (Jamie Dornan) que começam a perceber mortes cada vez mais estranhas em seus plantões. Não demora para que eles comecem a associar as mortes à uma nova droga que se torna cada vez mais popular, mas que não explica por si só o que está acontecendo. Afinal de contas, ninguém imagina (nem mesmo os usuários) que aquela substância provoca uma viagem diferente da concorrência, resta aos personagens e ao espectador descobrirem se são alucinações, simulações de realidade, mundos paralelos, viagens no tempo ou tudo misturado. Para dar mais dramaticidade dois fatos surgem na história: o desaparecimento da filha de Dennis e uma doença incurável em Steve. Sim, trata-se de um ponto de partida interessante, mas como eu já escrevi várias vezes por aqui, boas ideias não garantem um bom filme é preciso mais: criar uma história (e este detalhe é o ponto mais fraco do filme). Apesar das ideias diferentes, o filme tem uma dificuldade danada de costurar os elementos que possui e, por conta disso, acaba comprometendo o apego do espectador aos personagens (acho que todo mundo se importa mesmo é com o cachorro de Steve, que o roteiro deixa claro não estar muito preocupado com ele). Para piorar, Synchonic confia tanto no próprio taco que termina com jeito de que teria uma continuação. A dupla Justin Benson e Aaron Moorhead já fizeram outros filmes juntos e cada um já dirigiu um episódio da releitura recente de Além da Imaginação (em 2020), além de atualmente estarem à frente da aguardada série do Cavaleiro da Lua, mas em Synchronic a sensação que fica é que poderiam ficaram no meio do caminho.
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