Lee Jung-Jae (ao centro) e seus parceiros: topa tudo por dinheiro. |
Eu estava devendo um comentário sobre Round 6 faz um tempo, mas tive problemas com meu notebook (companheiro de guerra há onze anos que desistiu de prosseguir os trabalhos neste mundo pandêmico). Cansado de muitas horas de home office, ele sucumbiu ao cansaço e eu fiquei em apuros pelo tempo que tentei ressuscitá-lo. Enfim, descanse em paz. Por conta disso meu post sobre a série sul coreana que virou febre mundial (e que ainda habita o posto das produções mais vistas da Netflix) sai somente agora porque é simplesmente impossível ficar indiferente à série. Nem vou entrar no mérito das pessoas querendo polemizar o malefício que o programa pode fazer às crianças, afinal de contas, está bem claro que o programa é destinado a maiores de dezesseis anos (e se uma criança tem acesso ao programa na plataforma, ela pode muito bem ver o filme 365 Dias numa tarde tediosa de outubro). No mais, se seu pequeno pedir para ver a série, vale dizer que quando crescer ele terá a vida toda para assistir, pede para ele esperar...por mais que ele tenha sido seduzido por aquela boneca gigante que ficou famosa nas redes sociais. Ela é a responsável pelo massacre do primeiro episódio que constrói a atmosfera do que estamos prestes a assistir nos nove episódios que compõem o programa sobre um grupo de endividados que topam entrar numa gincana sombria para apenas um se tornar milionário. Ganhar a grana parece fácil, já que as provas são inspiradas em brincadeiras infantis, a da tal boneca é da clássica "batatinha frita, 1, 2, 3", mas aqui quem ousar se mexer ou não cumprir a prova no tempo certo está eliminado, não apenas da brincadeira, mas do mundo dos vivos. Seguem assim outras brincadeiras (a que me deixou mais tenso foi do cabo de guerra e depois do piso de vidro) que mais do que revelar os eliminados, aos poucos descasca a índole dos seus jogadores. Claro que não demora para que os jogadores questionem a loucura daquela situação, mas logo depois começam a imaginar que ganhar toda aquela grana (contabilizada pelo número de mortos a cada prova) pode valer a pena, assim, cabe ao espectador escolher os seus favoritos e roer as unhas sempre que a vida dele, ou dela, é colocada em risco. Entre endividados de estirpes variadas nós temos um rapaz bem sucedido que se afundou em dívidas, um viciado em jogo, um velhinho com tumor no cérebro, um paquistanês que precisa do dinheiro para voltar para casa, uma refugiada da coreia do norte que quer trazer seus familiares para perto e todo tipo de outros dramas. Os dramas são justamente os elementos que dão sustentação para a série, que aqui e ali tenta ampliar aquele universo secreto para além dos seus competidores (mas confesso que as histórias periféricas não me pareceram muito envolventes dada a resolução rapidinha de todas elas). De qualquer forma, Round 6 é a prova que a construção audiovisual da Coreia do Sul está no auge, especialmente pela forma como consegue criar uma alegoria social mesmo no cenário mais absurdo. Se o conterrâneo Parasita (2019) levou 4 Oscars para casa no ano passado, não duvido que Round 6 faça bonito nas premiações televisivas em breve.
Round 6 (Squid Game - Coreia do Sul / 2021) de Hwang Dong-hyuk com Lee Jung-Jae, Park Hae-Soo, Wi Ha-Joon, Jung Hoyeon, Oh Yeoung-Su e Anupam Tripathi. ☻☻☻☻
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