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David: Superman que dispensa apresentações. |
Quando assisti Pearl (2022) e vi aquele ator fazendo o projecionista, imaginei que ele ficaria perfeito para ser o novo Superman. James Gunn viu o mesmo filme e imaginou a mesma coisa ao escalar o ilustre desconhecido David Corenswet para encarnar o kryptoniano mais famoso do mundo. A escolha mostrou-se um grande acerto para um diretor que tem uma responsabilidade gigantesca nas mãos ao ser escolhido para criar a nova cara e estrutura dos personagens da DC Comics no cinema. Já que o Snyderverse deu mais dor de cabeça do que propriamente sucesso nas telas, Gunn (que dirigiu os três queridos filmes dos Guardiões da Galáxia para a Marvel e foi convidado para um teste ao reformular O Esquadrão Suicida) demonstra que quer distância de tudo o que fizeram antes, ou quase isso, já que o seu Superman não perde tempo explicando a origem do personagem. Ele entende que a cultura pop está tão entranhada entre os espectadores de filmes de heróis que não precisa explicar como o bebê kryptoniano veio parar na Terra e como cresceu no aconchego da fazenda dos Kent. Da mesma forma ele também não quer enganar a plateia de que a namorada de Clark Kent não sabe que ele é o Superman. A Lois Lane (vivida por Rachel Brosnahan) sabe que os dois são a mesma pessoa e se torna responsável por um verdadeiro embate entre os princípios do herói e questões geopolíticas que estão totalmente fora do radar do Homem de Aço - que tem como principal objetivo salvar vidas. O filme começa explicando que Superman acaba de sofrer sua primeira derrota para um ser misterioso e as coisas só pioram quando Lex Luthor (Nicholas Hoult) se empenha cada vez mais em ressaltar que o homem de cueca vermelha por cima do uniforme é um alienígena e, portanto, deveria ser visto mais como uma ameaça do que como um salvador. O fantasma das fake news e da Inteligência Artificial paira sobre isso, assim como a capacidade de personalidades megalomaníacas agregarem fãs e seguidores fiéis em tempos de internet - daí imaginar este efeitos nas relações políticas e diplomáticas é um verdadeiro pulo. Porém, apesar de utilizar estas nuances na trama, o filme de Gunn é bastante simples e com o maior clima de matinê. É verdade que Gunn baixa a bola de seu estilo inquieto e realiza um filme mais comportado e ingênuo, ainda que apresente cenas bastante violentas em alguns momentos (uma mistura que já se tornou marca do diretor). Enquanto idealizador do novo DCU, Gunn já demonstra não ter medo de apresentar seu personagem em mundo de fantasia já existente (e ainda bastante vinculado à nossa realidade), fala sobre os meta-humanos que existem há três séculos, insere na história outros super-heróis não tão populares dos quadrinhos: Guy Gardner (Nathan Fillion) que é o meu Lanterna-Verde favorito justamente por ser insuportável, Mulher-Gavião (Isabela Merced) e Sr. Incrível (Edi Gathegi), além do Homem Elemental (Anthony Carrigan), deixando os mais conhecidos (e desgastados) para projetos futuros. Apesar do elenco esforçado, das cenas de ação, da pancadaria e dos efeitos especiais caprichados, tive a impressão que o filme não quis mostrar demais sobre este novo universo, provavelmente por já ter um risco bastante elevado em suas costas. Também não posso deixar de citar a participação do Krypto, o pet de Superman que na verdade é de outra pessoa que tem uma participação especial no finalzinho. Por conta do cãozinho bagunceiro, tive a impressão ainda mais forte que se houvesse assistido o filme com o meu sobrinho, eu teria gostado ainda mais ao ver sua possível empolgação com o que temos na telona. As cenas iluminadas e o uso de cores que remetem à animação de 1996 deixam ainda mais clara (sem trocadilhos) a sensação que a era Snyder ficou para trás. Resta saber se o público comprará a ideia desta nova reformulação.
Superman (EUA - 2025) de James Gunn com David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Holt, Nathan Fillion, Isabela Merced, Skyler Gisondo, Sara Sampaio, Anthony Carrigan, Frank Grillo, Wendell Pierce, Pruitt Taylor Vince, Neva Howell, Sean Gunn, Alan Tudyk e Bradley Cooper. ☻☻☻
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