domingo, 25 de junho de 2017

Na Tela: Colossal

Anne: dominando o monstro nosso de cada dia. 

Ainda que seja inspirado nos filmes de monstros gigantes orientais, Colossal tem uma ideia realmente original por trás de sua história. Afinal, não se trata de um filme catástrofe sobre um monstrengo destruindo cidades com efeitos especiais mirabolantes. A catástrofe aqui é bem mais pessoal - e em tom de comédia maluca. Embora a primeira cena seja dedicada à primeira aparição do monstro, a trama gira em torno de Gloria (Anne Hathaway que também é produtora executiva do filme), uma mulher que gasta muito tempo bebendo para perceber que já se tornou um problema para sua vida profissional e pessoal. Ela mal chega em casa depois de passar a noite em uma festa e o seu namorado Kim (o inglês Dan Stevens que depois da série Downton Abbey  se tornou querido em Hollywood) já manda procurar outro rumo na vida - e basta ele sair para que os amigos dela cheguem para mais uma festinha. Sem perspectivas ela acaba voltando para a pequena cidade onde nasceu e, após umas bebedeiras descobre que tem uma conexão misteriosa com um monstro gigantesco que está atacando a cidade de Seul do outro lado do mundo. Este é apenas o começo da história escrita e dirigida pelo espanhol Nacho Vigalondo, que embora desconhecido do grande público já conta com uma indicação ao Oscar (pelo curta metragem 7:35 da da Manhã/2004) e três longas no currículo, dentre eles o interessante Extraterrestre/2011. Vigalondo é visivelmente um geek, sempre lançando um olhar diferente sobre temas de ficção científica. Aqui ele investe no estranhamento para contar uma história sobre uma personagem que se depara não apenas com o poder destrutivo que possui - e portanto, precisa assumir responsabilidades sobre suas ações - como também o poder destrutivo das relações que estabelece. Neste ponto que entra em cena seu amigo de infância, Oscar (Jason Sudeikis) que lhe ajuda num momento difícil, mas que aos poucos revela ser um sujeito bastante complicado de lidar. Para além das cenas engraçadas sobre o vínculo que existe entre a personagem e o monstro o filme também aborda uma história de relacionamento abusivo e empoderamento feminino, mas nada muito profundo. Ele funciona muito melhor quando brinca com os signos do gênero "filme de monstro" (com a trilha, os gritos, os gestuais...) do que quando tenta ser sério (basta perceber o último ato que parece apressado e bem menos interessante do que deveria). No  entanto, Colossal consegue ser engraçado e deixa evidente que tem uma ideia genial por trás de sua história, mas a duração poderia ser um pouco mais enxuta e o roteiro mais trabalhado. Tem gente que rasga elogios para atuação de Anne Hathaway, mas sei que ela pode fazer muito melhor (aqui ela nem parece se esforçar e, talvez, nem precise), mas ela ainda deixa a melhor lição de empoderamento para as colegas de igual calibre que ficaram esperando os estúdios chamarem para filmes interessantes nos últimos anos: produzam.

 Colossal (EUA/Canadá/Espanha/Coreia do Sul - 2016) de Nacho Vigalondo com Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Dan Stevens, Austin Stowell e Tim Blake Nelson. 

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