sexta-feira, 30 de junho de 2017

N@ Capa: Stanley Kubrick

Kubrick: criador de universos e referências. 

De vez em quando uso a expressão "Deuses do Cinema" aqui no blog e alguns amigos me perguntam a que "deuses" eu me refiro. Considero que são deuses do cinemas todos aqueles que ajudaram a pensar a arte de fazer cinema e que não estão mais entre nós. Aqueles artistas iluminados que deixam sua obra em nosso inconsciente coletivo e que servem de inspiração para quem se aventura pela sétima arte. São visionários, precursores que ousaram olhar fora da caixinha de segurança e mudaram a forma como vemos um filme. Stanley Kubrick é um desses! Nascido em Nova York em julho de 1928, o filho de imigrantes judeus estava destinado a se tornar uma referência do cinema. Desde que ganhou uma câmera de presente ao completar treze anos de idade, Stanley decidiu que registraria o mundo através de uma lente. Aos dezessete já era aprendiz de fotógrafo, mas somente em 1951 dirigiu seu primeiro curta-metragem. Se o primeiro longa (Medo e Desejo/1953) era um drama com toques de filme de guerra (o gênero mais frequente em sua diversificada carreira), logo depois ele enveredou pelo gênero policial ("A Morte Passou Perto"/1955, "O Grande Golpe"/1956, "Glória Feita de Sangue"/1957). A guinada em sua carreira veio com o épico Spartacus/1960, que concorreu a seis Oscars e lhe garantiu o reconhecimento que faltava em Hollywood. Dali em diante, Kubrick sempre buscou surpreender a audiência, pulando de um gênero para o outro, mas sempre com um estilo único de fazer cinema. Tanto que escolheu não seguir o caminho mais seguro para um diretor na mira da Academia e filmar o roteiro do escritor Vladimir Nabokov para seu livro homônimo (e polêmico), "Lolita"/1962.


Depois da controversa recepção ao filme, Stanley retornou à guerra, mas desta vez com tom de escárnio com Dr. Fantástico/1964, uma trama que falava do amor americano à... bomba atômica! O filme concorreu a quatro estatuetas no Oscar, melhor ator (para Peter Sellers) e três para Kubrick (filme, diretor e roteiro adaptado), mas não levou nenhum para casa. No filme seguinte, o referencial 2001 - Uma Odisseia no Espaço (1968), o diretor demonstrou que ficção científica poderia ser levada a sério e, ironicamente, o filme rendeu o único Oscar da carreira do diretor: melhores efeitos visuais (o cinestas também concorreu ao prêmio de Melhor Filme e Melhor Diretor naquele ano). Em 1971, Kubrick colocou no páreo um dos filmes mais estranhos a figurar na premiação: A Laranja Mecânica! Deliciosamente subversivo dramatúrgica e esteticamente, o filme gerou polêmicas e ainda conquista fãs por seu visual moderno e história explosiva. Como era de se esperar, Kubrick mudou de gênero ao fazer o romance de época Barry Lyndon (1975) e em seguida o terror O Iluminado (1980). Cada vez mais metódico e criterioso com seus filmes, o espaço entre seus lançamentos tornava-se cada vez maior, tanto que demorou sete anos para lançar seu olhar único sobre a Guerra do Vietnã em Nascido para Matar (1987) e doze anos para se despedir do público com De Olhos Bem Fechados (1999). Ao todo foram 13 longa metragens e 13 indicações ao Oscar que construíram um verdadeiro mito do cinema que identificamos suas referências quando alguém se inspira em seu universo tão genial quanto desafiador.

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