sexta-feira, 26 de novembro de 2021

#FDS Made in Japan: Aya e a Bruxa

Aya: aprendiz de bruxa.

Resolvi dedicar o último Fim de Semana do mês para comentar alguns filmes japoneses que assisti recentemente. O motivador para este #FDS foi esta animação dos Estúdios Ghibli, chamado por aqui de Aya e A Bruxa. Antes mesmo de entrar em cartaz na Netflix o filme já se envolveu em uma polêmica, já que em setembro apareceu rapidamente no catálogo do streaming para sair logo em seguida. Parece que houve um erro na disponibilização do filme na plataforma e o mesmo aparecia somente com dublagem e legendas em inglês. Resolvido o problema, o novo filme de Goro Miyazaki (filho do cultuado Hayao Miyazaki) já está disponível para quem desejar contemplar a primeira animação em 3D do estúdio. O filme conta a história da menina órfã Aya, que é deixada em um orfanato quando ainda era apenas um bebê. Ela cresce por lá tendo um gosto especial por coisas assustadoras e, devido a amizade com o menino Pudim, não tem muita pretensão de ser adotada. O problema é que quando um estranho casal visita o orfanato e a escolhe para ser filha deles, ela não demora muito para descobrir que aquele casal é formado por dois seres ligados à bruxaria (e podem ter uma ligação com o seu passado). O filme é baseado no livro Tesourinha e a Bruxa da escritora Dyana Wyne Jones (mesma autora de O Castelo Animado/2004 que ganhou versão para o cinema pelas mãos de Hayao), mas encontra alguns problemas em sua transição para a telona. O roteiro é bastante simples e sem muita lapidação, o que compromete na hora de desenvolver o contato da pequena Aya com os elementos que demonstram uma ligação daquele estranho casal com seu passado, assunto desenvolvido de forma um tanto precária no texto, mas o maior problema mesmo está no desfecho abrupto como se houvesse acabado o dinheiro da produção e tudo terminasse antes de uma conclusão satisfatória. Este parece ser um reflexo da produção problemática que cercou o filme, uma vez que Goro recebeu dinheiro para a produção, mas não contou com a ajuda dos animadores experientes na empreitada, contando com uma equipe de novatos neste tipo de trabalho e enfrentou várias críticas pela forma como desenvolveu o projeto (cuja inexperiência no ramo 3D fica visível em vários momentos). O longa  acabou estreando na TV por conta da pandemia, mas não empolgou muito a crítica, ainda que estivesse entre os candidatos à uma vaga ao Oscar de Animação deste ano. Considerado por muitos o pior filme do estúdio Ghibli, Aya e a Bruxa tem seus tropeços, mas capricha no uso das cores e tem momentos divertidos quando Aya envereda pelo mundo da bruxaria - e pode causar certa antipatia por sua habilidade em manipular quem está ao seu redor. No entanto, está longe de ter a beleza marcante do estúdio e trazer uma história inesquecível. Esta não é a primeira vez que Goro desagrada ao assinar uma animação, seu controverso Contos de Terramar (2006) está até hoje entre os filmes menos queridos do estúdio. Talvez no futuro a própria relação entre Goro e Hayao gere um filme no futuro, já que o peso do sobrenome e a vontade de sair da sombra do pai é uma constante na carreira do rapaz. O problema de Aya é ser um filme que explora bem menos do que deveria as possibilidades que possui.

Aya e a Bruxa (Earwig and The Witch / Japão - 2020) de Goro Miyazaki com vozes de Gaku Hamada, Kokoro Hiasawa e Myiuki Sahaku.  

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