sábado, 15 de abril de 2023

PL►Y: Please Baby Please

Harry e Andrea: um casal e suas fantasias. 

Confesso que fiquei com pena da Andrea Riseborough no Oscar desse ano. Depois de toda polêmica por sua indicação por To Leslie ela preferiu ficar no canto, sem alardes e se reservando a aparecer no obrigatório momento de mencionar as indicadas ao Oscar de melhor atriz (e deu pulos de alegria ao ver Michelle Yeoh fazer história). O que era para ser um dos momentos mais felizes de sua carreira, ficou ofuscado por uma polêmica em torno dos seus colegas de trabalho que resolveram impulsionar a votação por seu trabalho em um filme de orçamento modesto e renda zero voltada para campanhas de marketing. Uma das atrizes mais interessantes em atividade atualmente merecia mais consideração. Desde que foi revelada para o mundo em W.E (2011) o famigerado segundo filme dirigido por Madonna, Andrea emendou um filme no outro, seja como protagonista, coadjuvante, participação especial, em cinema ou série de TV. A atriz se arrisca em diversos gêneros e estilos sendo reconhecida por ser um verdadeiro camaleão. Em cartaz na Mubi, Please Baby Please é uma dessas ousadias. Dirigido por Amanda Kramer, o filme tem um jeito tão despojado que parece mais uma peça de escola que por acaso foi filmada. A atmosfera onírica queer carregada pelos tons neon remetem ao clima das fantasias sexuais do casal principal. Suze (Andréa) e Arthur (Harry Melling) formam o casal que ao chegar em casa presencia uma gangue cometendo um crime. Se a esposa se mostra seduzida pela agressividade da gangue, o marido demonstra uma atração específica por um dos integrantes vestido em couro e transparências (cortesia de Karl Glusman, mais uma vez objetificado). Embora figurinos e penteados remetam aos anos 1950, o filme tem uma estética bastante anacrônica nos tipos que apresenta em sua hora e meia de duração, mas a história parece acontecer no passado, principalmente pela forma como o casal principal parece confuso com suas fantasias e identidades sexuais, sem saber muito bem como se classificarem (e será que hoje é mais fácil?). O fato que é que se a primeira impressão deixa a sensação de que os dois não combinam muito, cresce um verdadeiro abismo entre os dois no decorrer da sessão. Andrea e Melling começam a intensificar casa vez mais as diferenças entre os personagens, ela se torna mais exagerada e careteira, ele mais contido e revela suas intenções através de olhares e gestos, até que seus questionamentos em torno da sexualidade comecem a transbordar nos nos diálogos. No meio da encenação caótica proposta pela diretora, Melling ganha pontos em mais uma construção sensível em sua carreira, sendo aqui o primeiro trabalho em que apresenta um aura sexy (com pendores até então insuspeitos para dança e um beijo bastante provocador em seu colega de elenco). Não fosse pela curiosidade de vê-lo em um personagem tão diferente, provavelmente eu teria abandonado Please Baby Please no meio do caminho com suas muitas ideias, execução confusa e números musicais camp. É um filme que desperta curiosidade pelo elenco, mas um tanto perdido no que se propõe. 

Please Baby Please (EUA-2022) de Amanda Kramer, Andrea Riseborough, Harry Melling, Karl Glusman, Jake Choi, Matt D'Elia, Ryan Simpkins, Jake Sidney Cohen , Karim Saleh e Demi Moore. ☻☻

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