domingo, 21 de janeiro de 2024

PL►Y: Seguinte

Theobald: hábitos estranhos em apuros.

Com a proximidade de um possível Oscar de melhor direção para Christopher Nolan por seu trabalho em Oppenheimer (2023) é muito bem vinda a disponibilização de seu filme de estreia na Mubi nas últimas semanas. Eu mesmo fiquei surpreso ao descobrir que seu primeiro longa não era Amnésia (2000), já que Following permaneceu inédito nos cinemas brasileiros e ganhou notoriedade conforme os filmes seguintes do cineasta começaram a despertar atenção do público. No entanto, em listas de melhores filmes do cineasta ele costuma aparecer em último lugar. O motivo disso é bastante simples, já que o filme é curto (68 minutos) e por vezes ainda se torna arrastado pela forma como o diretor resolve contar sua história. A trama tem um ponto de partida interessante com um homem (Jeremy Theobald) que costuma seguir pessoas aleatoriamente pelas ruas, mas se envolve em situações surpreendentes quando escolhe seguir um sujeito que é na verdade um ladrão (Alex Haw) de métodos nada convencionais. O protagonista se interessando pelas atividades do ladrão e absorve algumas das características dele, especialmente quando cruzam o caminho de uma mulher misteriosa (Lucy Russell), que teve o apartamento roubado por eles e que tem sua cota de perigos a resolver. A edição embaralhada deixa o espectador se perguntando sobre o que de fato está acontecendo, até que percebemos que existe um plano envolvendo os três e que um deles está sendo passado para trás. Em Seguinte já podemos perceber várias marcas do cinema de Nolan, sua obsessão por embaralhar a narrativa, o gosto por personagens em situações complicadas e sua inspiração no film noir que era bastante visível em seus primeiros filmes (sobretudo Amnésia/2000 e Insônia/2002). Há quem enxergue por aqui a utilização de luzes e sombras que seriam resgatadas na trilogia do Cavaleiro das Trevas (iniciada em 2005), mas eu deveria ver o filme com mais atenção para perceber isso. Seguinte só não é um filme melhor porque é truncado demais e os personagens são pouco envolventes. Frios em demasia fica difícil para o espectador se envolver com qualquer um deles e se importar realmente com o desfecho da trama. É um filme que vale a pena assistir pela curiosidade de identificar o ponto de partida de um dos diretores mais bem sucedidos da atualidade, mas que por vezes fica tão preso à técnica que esquece de dar alma à história que está contando. 

Seguinte (Following/Reino Unido - 2023) de Christopher Nolan com Jeremy Theobald, Alex Haw, Lucy Russell e John Nolan.

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