Somente agora consegui assistir a terceira temporada de Slow Horses e fiquei surpreso de perceber que ainda não havia realizado uma postagem sobre ela por aqui, afinal, é uma das minhas séries favoritas da AppleTV. Recentemente começaram a surgir muitos comentários sobre como o streaming da empresa tem uma audiência baixa ao redor do mundo. Acho que muito se deve ao acervo pequeno, mas vale ressaltar que a qualidade de suas produções é bastante elevada. Se pegarmos por exemplo Slow Horses, a situação fica ainda mais exuberante. Para começar a série é protagonizada por Gary Oldman na pele de Jackson Lamb, um agente experiente da MI5 que é responsável pela Slough House - o que é considerado o ponto mais baixo da carreira dentro do renomado serviço de inteligência britânico, afinal, são destinados para lá os agentes que cometeram algum deslize em suas carreiras e foram jogados para escanteio. Lamb cuida de sua equipe com frases de desprezo e o que pode parecer um tanto de desmotivação, mas que se desmonta conforme a cada temporada sua equipe se depara com algum caso que que ganha proporções surpreendentes. É do trocadilho com Slough House (também título da série de livros de Mick Herron que a série se baseia) que nasce o título do programa que é muitas vezes utilizado para se referir a quem trabalha por lá, os Slow Horses, ou pangarés, sonham em provar seu valor e conquistar novamente o respeito do MI5. Se na primeira temporada conhecemos o ambicioso e recém chegado River Cartwright (Jack Lowden), na segunda conhecemos um pouco mais da eficiente secretária de Lamb, Catherine (Saskia Reeves), do hacker Roddy Ho (Christopher Chung), da destemida Louisa Guy (Rosalind Eleazar) e choramos com Min Harper (Dustin Demri-Burns). Embora eu considere que a voltagem da segunda temporada seja menor que a primeira, ela serve para nos dizer que tudo pode acontecer com seus personagens, especialmente quando entra em campo as superiores Diana Taverner (Kristtin Scott Thomas) e Ingrid Tearney (Sophie Okonedo), que travam seus próprios jogos de poder nas altas esferas do serviço de inteligência. A terceira temporada cria aos poucos um território para que as duas personagens assumam de vez a rivalidade em uma trama que começa com um suicídio e um sequestro, daí em diante existem desdobramentos inusitados que podem comprometer a própria credibilidade do MI5. A série demonstra mais uma vez que não tem pudores em se livrar de personagens relevantes em sua trama - o que só aumenta a sensação de perigo e imprevisibilidade em torno dos personagens. Esta terceira temporada está um primor, com aquele jeito esperto de mudar os rumos dos acontecimentos a cada dois episódios (todas as temporadas são compostas de oito capítulos) deixando sempre o espectador tão curioso quanto surpreso. A escala de ação dos últimos episódios da temporada é maior do que tudo que foi visto no programa até aqui, some isso às performances impecáveis do elenco e não faltam motivos para acompanhar a série. É verdade que Shirley (Aimee-Ffion Edwards) e Marcus (Kadiff Kirwan) já chegaram naquele momento que merecem mais destaque perante os seus colegas da Slough House, mas diante do trailer da próxima temporada (que deve estrear em setembro) de que um dos pupilos de Lamb perecerá pelo caminho... fico preocupado com os dois. Vale dizer que o personagem de Gary Oldman é o avesso do discretíssimo espião que viveu em O Espião que Sabia Demais (2011), que lhe rendeu sua tardia primeira indicação ao Oscar. Oldman está indicado ao prêmio de melhor ator em série dramática no EMMY por esta temporada, Lowden concorre como coadjuvante e a série concorre em outras seis categorias, incluindo melhor série, melhor direção e melhor roteiro. Se você ainda não assistiu à está pérola do streaming, fica a dica.
Slow Horses (2022-2024) de Will Smith com Gary Oldman, Jack Lowden, Kristtin Scott Thomas, Saskia Reeves, Rosalind Eleazar, Christopher Chung, Chris Reilly, Sophie Okonedo, Jonathan Pryce e Freddie Fox. ☻☻☻☻
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