As emoções de Riley: puberdade com ansiedade no controle. |
Divertida Mente é uma das minhas animações favoritas e o seu roteiro deve estar entre os melhores e mais criativos da história do cinema. A ideia de dar vida às emoções de uma menina e abordar de forma lúdica como lidamos com as nossas enquanto crescemos é genial. Obviamente que a ideia original do primeiro filme era tão boa que a PIXAR não deixaria as coisas pararem por ali, era preciso apenas de tempo para desenvolverem novas ideias para uma sequência.Agora a Riley cresceu e está ingressando na adolescência e as emoções que conhecemos no outro filme (Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho) entram em pânico perante o alarme da puberdade. Com esta nova fase, chegam novos novos colegas "de trabalho": Ansiedade, Tédio, Vergonha e Inveja. O problema é que tudo isso acontece quando Riley precisa provar que é digna de estar no time de hoquéi da escola, ao mesmo tempo em que existe o anúncio de uma separação de suas melhores amigas. As coisas poderiam seguir do mesmo jeito com que a menina lidou com a chegada à uma nova cidade com seus pais, mas a Ansiedade (que no Brasil recebe uma dublagem perfeita de Tatá Werneck) resolve tomar conta e confundir as emoções da menina, ou melhor, se livrar de suas emoções básicas. Divertida Mente 2 segue aqui sua jornada em abordar emoções e sentimentos em forma de desenho animado e, embora a garotada possa curtir o tom de aventura, acredito que são os mais velhos que irão desfrutar de todas as nuances propostas pelo roteiro. A começar pela ansiedade metendo os pés pelas mãos, sempre pensando em possibilidades (sempre terríveis) para o futuro enquanto a Alegria se dá conta que talvez dali em diante as outras emoções possam se tornar mais presentes. É preciso dizer que eu sempre me emociono quando revejo o primeiro filme e, embora esta trama não tenha aquele sabor de novidade do filme anterior, ele ainda consegue nos entreter enquanto nos faz pensar sobre a forma como lidamos com nossas emoções. Existem um momento que ressoou forte enquanto eu assistia ao filme: a mudança de percepção que a Riley possui de si durante a crise abordada. Foi por um momento assim que comecei a fazer terapia e juntar os cacos que ficaram um tanto soltos aqui dentro. Existe muito de psicologia e filosofia no encadeamento do roteiro e isso continua fazendo a diferença, seja na compreensão lúdica que o filme proporciona às crianças ou as reflexões que proporcionam aos adultos sobre o processo de amadurecimento. O filme ainda tem o cuidado de não concluir que a Ansiedade é uma vilã, mas uma emoção um tanto atrapalhada, mas que é importante para nos fazer antecipar os riscos de algo que possa acontecer. O problema é quando ela exagera e descontrola todo o resto. Pela forma ilustrativa com que apresenta uma emoção tão presente nos dias atuais, não é por acaso que o filme alcançou o bilhão de bilheteria em tempo recorde e já se impõe entre um dos maiores sucessos do ano. Embora tenha gostado muito do filme, considero que a resolução de algumas situações são muito aligeiradas e poderiam ter sido melhor aproveitadas - ele poderia se desenvolver por pelo menos mais uns quinze minutos sem problemas. O considerei bem curtinho, o que não impede que os produtores possam aproveitar novas ideias para novos filmes da franquia. Enquanto mantiverem a sacada genial da abordagem de algo tão complexo, o sucesso está garantido.
Divertida Mente 2 (Inside Out / EUA - 2024) de Kelsey Mann com vozes originais de Amy Poehler, Phyllis Smith, Maya Hawke, Ayo Edebiry, Kensington Tallman, Tony Hale e Adèle Exarchopoulos. vozes em português de Miá Mello, Katiuscia Canoro, Tatá Werneck, Leo Jaime, Dani Calabresa e Otaviano Costa. ☻☻☻☻
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