Garcia: caçador de fantasmas?
Recentemente o cinema brasileiro começou a produzir cada vez mais filmes de terror e suspense, embora a grande maioria seja de gosto duvidoso, alguns conseguem chamar atenção pela disposição de fazer algo diferente do óbvio. O Caseiro foi celebrado por alguns críticos pelo estilo econômico impresso pelo diretor estreante Julio Santi, afinal, ele aproveita ao máximo o poder da sugestão na mente do espectador. O filme revela pouco sobre os seus mistérios para que ao chegar ao final possa surpreender o público sem aquelas guinadas perigosas no desfecho. A história é protagonizada pelo professor de psicologia paranormal Davi (Bruno Garcia) que aceita o pedido de ajuda de uma de suas alunas, Renata (Malu Rodrigues) que está intrigada com os acontecimentos em torno de sua família que todos acreditam ser obra do fantasma de um caseiro que se suicidou na casa de campo onde seus parentes vivem. Quando Davi aceita ajudá-la ele conhece o patriarca Rubens (Leopoldo Pacheco), a tia Nora (Denise Weiberg) e as irmãs de Renata, a adolescente Gabi (Victoria Leister), as pequenas Lili (Annalara Prate) e Julia (Bianca Batista) que afirma ser assombrada pelo tal caseiro. Enquanto Davi está na casa ele incomoda Rubens e Nora que nunca estão muito dispostos a contar sobre o que está acontecendo. Cético, Davi acaba juntando um monte de pequenas peças que o fazem chegar a uma conclusão que... eu não vou revelar. O roteiro pode não ter nada demais, mas serve para que o diretor fuja dos truques fáceis e embaralhe os mistérios que a história possui na relação de Rubens com o caseiro - que guia a narrativa por um caminho, quando na verdade esconde o que de fato está acontecendo. Santi aproveita a ambientação bucólica da história e o isolamento que ela proporciona auxilia na construção da tensão. No entanto, o filme tem alguns tropeços, o maior deles é que para criar suspense, Santi amarra os atores mais do que devia, drenando a emoção necessária de vários momentos importantes. Com o tom sempre um ponto abaixo do necessário, o filme apela para a trilha sonora assustadora, que mostra-se eficiente desde a primeira cena mas que acaba cansando por ser uso exaustivo. Apesar dos erros, O Caseiro mostra-se eficiente em sua construção narrativa, criando um filme de terror sutil construído a partir das ideias interessantes que tem para desenvolver.
O Caseiro (Brasil/2016) de Julio Santi com Bruno Garcia, Leopoldo Pacheco, Denise Weinberg, Fábio Takeo, Pedro Bosnich e Malu Rodrigues. ☻☻☻
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