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Kieran e Jesse: viagem às origens. |
David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) são primos muito próximos - e o foto de nascerem próximos ajudou ainda mais esta relação. Os dois cresceram juntos, mas na vida adulta seguiram caminhos um tanto diferentes. Enquanto David casou e se tornou pai, Benji ficou meio perdido com a vida adulta. Diante do falecimento da avó, os dois resolvem fazer uma viagem para a terra natal dela e conhecer um pouco mais da origem da família na Polônia. A família de origem judia carrega o espectro do Holocausto em sua história e esta se mistura com as referências de outros visitantes que participarão do mesmo pacote de viagem que os primos. Obviamente que não será apenas um filme de viagem, já que aos poucos percebemos que existem algumas situações entre os dois que precisam ser passadas a limpo - e algumas delas contrariam a primeira impressão bem humorada deixada por Benji. Aliás, ele mesmo faz questão de desconstruir esta primeira impressão quando começa a problematizar o fato de terem dinheiro para fazer uma viagem daquelas, ou o prazer que a viagem pode despertar diante do confronto com um passado tão sombrio e até questionar os rumos adotados pelo guia de turismo durante as visitações que realizam. Em seu segundo trabalho como diretor, Jesse Eisenberg opta por uma narrativa sem firulas, de tom simples, centrado nos personagens e sem medo de criar alguns momentos bobos (como aquele momento em que todos resolvem posar para fotos junto com estátuas). Depois de assistir "A Verdadeira Dor" (agora disponível no Disney+), eu fiquei imaginando se Kieran Culkin merecia realmente todos os prêmios de ator coadjuvante da temporada. Para começo de conversa, ele não é coadjuvante, sendo tão protagonista quando Jesse Eisenberg (que também assina o roteiro) e não consigo enxergar nada demais em seu trabalho que mereça tamanha unanimidade. Longe de mim dizer que ele está mal no papel, pelo contrário, ele está bem, mas não era para culminar com o Oscar de coadjuvante da temporada. É um trabalho bem humorado, temperado com algum melancolia e que termina com o tom de incerteza próprio das atitudes do personagem. Existem outros fatores que justificam sua premiação: o fato dele ser um ator que cresceu em Hollywood (seu primeiro trabalho foi ao lado do irmão Macaulay aos seis anos de idade em Esqueceram de Mim/1990), mas nunca chegou perto de ser um astro (ele até ensaiou quando foi indicado ao Globo de Ouro de ator de comédia pelo ótimo Igby Goes Down/2002), porém recentemente foi redescoberto pelo seu trabalho na série Succession (2018-2023). O fato é que sem ele A Verdadeira Dor seria bastante sem graça, já que a narrativa nada exuberante, precisa do seu personagem para espantar a sonolência que poderia provocar com a pouca profundidade que aborda seus temas. O filme também concorreu ao Oscar de melhor roteiro original, embora ele lembre muito o ponto de partida de outro filme, Minha Lua de Mel Polonesa (2018) em que um casal francês resolve visitar o avô de um deles na Polônia. Quem curtir o tom simpático de A Verdadeira Dor, pode procurar o outro filme que até pouco tempo estava disponível no Prime Video.
A Verdadeira Dor (A Real Pain/EUA) de Jesse Eisenberg com Jesse Eisenberg, Kieran Culkin, Jakub Gasowski, Will Sharpe, Daniel Oreskes, Jennifer Grey e Kurt Egyiawan. ☻☻☻
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