Michael e Brendan: assalto em família.
A presença do astro Michael Fassbender garantiu o lugar de Tresspass Against Us entre os filmes mais esperados de 2016, mas o filme teve a estreia adiada várias vezes e a distribuição nos Estados Unidos foi modesta - e aqui no Brasil ele permaneceu inédito nos cinemas. Depois de passar os últimos anos se dedicando a grandes produções de Hollywood, Fassbender resolveu voltar às origens e fazer um filme menor, independente e sem grande novidades em sua execução. O filme conta a história de Chad Cutler (Fassbender), que cansado da vida fora da lei tentou viver mais tranquilamente ao lado da família. Quando ele se reaproxima do pai, Colby (Brendan Gleeson) a coisa começa a desandar - já que o patriarca sempre pede para que o filho volte para o mundo do crime. Diante da falta de perspectivas e problemas financeiros (a família vive num aglomerado de trailers junto com outras famílias), Chad repensa suas decisões e pagará um preço alto por isso. O filme de estreia do diretor Adam Smith demora para engrenar, talvez por sua inexperiência ou pelo roteiro do também estreante Alastair Siddons (que depois assinou a repaginada de Lara Croft em Tomb Raider: A Origem/2018 com Alicia Vikander, a esposa de Fassbender). O texto faz uma apresentação confusa dos personagens e demora meia-hora para ganhar ritmo, exigindo paciência para ver um bando de homens sujos e desbocados fazendo bobagens com diálogos ásperos, ritmo arrastado e fotografia desbotada. Depois de alguns tropeços (como a inconcebível cena em que os bandidos são cercados pela polícia em um posto de gasolina - e estes sequer saem das viaturas!), o filme começa a ganhar pontos ao investir no conflito entre pai e filho diante da vida marginal que levam. O pai é chegado a analogias religiosas e sempre demonstra ser uma péssima influência para o neto (Georgie Smith), enquanto isso, Chad está sempre relutante sobre o caminho que deve seguir. Fassbender consegue demonstrar como a marginalidade está para Chad como uma espécie de vácuo sempre à espreita, pronto para sugar-lhe sem piedade. Não Ultrapasse é sustentado pelos dramas familiares que propõe, mas o roteiro não ajuda muito (os coadjuvantes nunca recebem o devido destaque, os policiais são mostrados sem qualquer esperteza, tem ainda uma cena polêmica envolvendo um rapaz com problemas mentais...), no fim das contas o filme apareceu em algumas premiações indies do Reino Unido e ninguém lembra muito dele. O que vale mesmo é ver mais uma boa atuação de Fassbender que pode agradar os fãs que tiveram o viram desperdiçado em bobagens recentes como Assassin's Creed (2016) e Boneco de Neve (2017), aqui pelo menos ele tem um bom personagem para trabalhar.
Não Ultrapasse (Tresspass Against Us / Reino Unido - 2016) de Adam Smith com Michael Fassbender, Brendan Gleeson, Georgie Smith, Lindsey Marshall, Rory Kinnear e Sean Harris. ☻☻
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