Emma e Jonah: reencontro em experiências estapafúrdias.
Emma Stone estreou no cinema com a comédia Superbad (2007) em que interpretava a garota dos sonhos de Jonah Hill. Hill já tinha mais experiência na tela grande, atuando desde 2004 (ano em que estreou com direção de David O. Russell em Eu Amo Huckabees). Naquele filme, ambos interpretavam adolescentes e onze anos depois, ambos contabilizam duas indicações ao Oscar - e Emma já levou o seu para casa - além de se reencontrarem nesta versão de uma série norueguesa que rendeu duas temporadas recentemente. A direção ficou por conta de Cary Joji Fukunaga (o bamba por trás da primeira e excelente temporada da série True Detective) que aqui abraça um território completamente diferente do que realizou até então. Maniac mistura comédia, drama, ficção científica e bastante surrealismo ao conta a história de um homem esquizofrênico chamado Owen (Jonah Hill). Owen não está nem um pouco feliz com a vida e, para piorar, está prestes a mentir em um tribunal para livrar o irmão (Billy Manussen) de um processo de abuso sexual. Muita coisa se passa na cabeça de Owen, incluindo a obsessão por um padrão no rumo dos acontecimentos que o cerca e a sensação de que faz parte de uma grande conspiração. É exatamente assim que ele conhece Annie (Emma Stone) e acredita que ela tem respostas para o que nem ele sabe direito o que é. Os dois acabarão participando de um experimento maluco cujo objetivo é quase um mistério. Acontece que durante a experiência nada sai como o esperado e os dois se veem numa história deliciosamente estapafúrdia. Não dá para contar muito o que se passa nos dez episódios da série sem estragar parte da graça que é ver o rumo dos episódios (que podem ser sonhos, viagens dimensionais, delírios, ou apenas uma decorrência do uso de medicamentos/drogas em teste), entre as várias voltas que a história oferece, Fukunaga e seu elenco consegue deixar a plateia interessada no que se passa na tela - e tira qualquer dúvida de Emma e Jonah estejam entre os artistas mais interessantes do cinema americano. Ela está ótima, especialmente quando precisa ser cômica em cena (as partes em que ela interpreta uma dona de casa de cabelos "com cheiro de permanente" ou uma guerreira elfa rendem ótimos momentos) e Jonah me surpreendeu pelas camadas dramáticas que insere em Owen - mas ele também arrasa quando interpreta um islandês que cometeu um acidente imperdoável para a humanidade. Só o trabalho da dupla já valeria o programa! Sally Fields e Justin Theroux também estão ótimos, mas Sonoya Mizuno surpreende e acaba roubando a cena no laboratório (nem acredito que antes eu a vi como a silenciosa androide de Ex-Machina/2015). Com direção de arte caprichadamente anacrônica - que confere atemporalidade e estranhamento na sugestão de que a trama é ambientada em uma realidade diferente da nossa. Por tudo isso, Maniac é um dos programas mais interessantes que assisti neste ano.
Maniac (EUA/2018) de Cary Joji Fukunaga com Emma Stone, Jonah Hill, Sally Fields, Justin Theroux, Sonoya Mizuno, Billy Manussen e Danny Hoch. ☻☻☻☻
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