Mulligan: Minha favorita ao Oscar de atriz desse ano.
Desde que foi exibido em Sundance no ano passado (onde ganhou o prêmio do público), Educação da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig foi aclamado como um dos melhores do ano e forte favorito ao Oscar de Melhor Atriz, no caso a quase desconhecida Carey Mulligan (a mais risonha das irmãs Bennet de Orgulho e Preconceito/2005). Realmente, a moça entrega um ótimo trabalho ao encarnar as angústias de uma jovem de 16 anos que enfrenta uma decisão complicada na década de 1960: ir para uma faculdade conceituada ou se casar com um homem mais velho (Peter Sarsgaard) que pode realizar todos os seus sonhos - boas roupas, boas festas, viagens para Paris. O título se refere a esta encruzilhada sobre a educação que recebemos na escola e na família e aquela que parece ser a mais prazerosa das vivências que podemos ter. Trata-se de uma história simples mas que já vimos e ouvimos diversas vezes, mas embalada com gosto por Scherfig (diretora adepta do DOGMA 95, pelo qual realizou o mais simpático de todos do movimento: Italiano para Principiantes/2000). Tudo no filme é muito bem cuidado, a fotografia, os figurinos, os créditos, os enquadramentos, as locações e as atuções. Mulligan consegue construir uma protagonista fascinante que consegue evitar nossoo julgamento por sua conduta - afinal, tudo indica que ela é seduzida por um homem pouco nobre e ainda ajuda a enganar seus pais. O filme evita a áurea de coitadinha que é tão comum em filmes do gênero e preocupa-se em mostrar Jenny como uma garota especial, inteligente e que tem o mundo inteiro pela frente, mas que aos poucos aprende que para atingir o que quer não há atalhos. Nesse ponto, um excelente contraponto é a presença da personagem de Rosamund Pike (outra irmã Bennet...) que apresenta um visual arrebatador, mas com conhecimentos que não ultrapassam futilidades consumistas (é hilariante a forma como ela debocha das universitárias de seu tempo). Houve quem considerasse o filme moralista, mas precisamos levar em conta que Educação é sobre um período específico, onde as adolescentes deveriam decidir entre ser independete ou tornar-se esposas, sendo assim Jenny fica entre os modelos femininos que vê, seja a amiga com visual de diva, a professora solitária ou a própria mãe (Cara Seymour) - que passa quase o filme todo em silêncio ao lado do marido (Alfred Mollina, que quase conseguiu uma vaguinha no Oscar de coadjuvante) saboreando a sedução de sua filha. Se existe algum problema no filme é o seu final, onde tudo soa muito apressado com soluções rápidas e pouco aproveitadas (a professora feita por Olivia Williams e a diretora interpretada por Emma Thompson poderiam ter maior destaque nessa parte), mas nada que prejudique muito essa adaptação de Nick Hornby (Alta Fidelidade; Um Grande Garoto) para a escrita autobiográfica da jornalista Lynn Barber. O filme concorreu a três Oscars: filme, atriz (Mulligan) e roteiro adaptado, mas não levou nenhum para casa. Mesmo assim, é melhor do que a metade dos outros candidatos ao Oscar desse ano.
Educação (An Education/Inglaterra - 2010) de Lone Scherfig com Carey Mulligan, Peter Saarsgaard, Alfred Mollina, Cara Seymour, Rosamund Pike, Olivia Williams e Dominic Cooper. ☻☻☻☻
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