Depois de rever a elegante estréia do estilista Tom Ford no cinema lembrei de alguns outros filmes que lhe fariam companhia na lista dos mais elegantes do cinema recente. Desculpe, mas desprezei os clássicos do cinema, já que na época de ouro, o glamour era um requisito obrigatório nos filmes - coisa que hoje não acontece. Sendo assim lembrei de cinco pérolas elegantes de gêneros bem variados que não fariam feio no páreo estético com o longa de Ford.
05 OS OUTROS (2001) Difícil imaginar um filme de terror que seja elegante, mas Alejandro Amenábar conseguiu isso ao nos dar os sustos mais chiques do gênero. O filme protagonizado por Nicole Kidman ocorre numa casa mal assombrada ao contrário (se você viu o filme sabe o que eu quero dizer). No filme a iluminação é rara, as roupas variam entre branco, cinza, preto e marrom. A restrita paleta de cores aliada à uma iluminação quase precária durante a maior parte do filme he confere um visual único. O cuidado nos movimentos de seus atores e de câmera confere ao filme uma elegância rara no gênero, principalmente em seus momentos mais assustadores. Isolada numa casa com os filhos com alta sensibilidade à luz, Grace (Kidman) espera seu marido voltar da guerra e resistir às dores da solidão - mas sem perder a pose!!
04 O DIABO VESTE PRADA (2006) Um filme sobre moda sem os excessos do gênero não poderia ficar fora da lista! Se Sex & The city pensa que elegância é trocar de figurino de três em três minutos, Meryl Streep destrói essa prerrogativa e mostra que elegância é mais do que virar cabide de grifes famosas. Elegância é fundamentalmente a postura em construir uma persona que exala coerência. Sua Miranda Priestley pode não ser a pessoa mais bacana e nobre do mundo, mas é a personagem madura mais elegante que já apareceu nas telas nos últimos anos. O bom é que sua presença contamina o filme todo e mantém a atmosfera criada por Streep até o fim da sessão. Não por acaso, Meryl foi indicada ao Oscar e levou o Globo de Ouro pelo papel – que acabou ofuscando as bem mais jovens Anne Hathaway e Emily Blunt, tarefa que (definitivamente) não era para qualquer um.
03 LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA (1997) Filme noir que se preze tem que ser elegante. Provocar aquele deslumbramento visual que te absorve de tal maneira que você não consegue desviar a atenção daquele monte de pistas falsas e passados obscuros que aparecem na tela. Curtis Hanson sabia bem disso quando construiu a sua obra-prima baseado no universo do escritor James Ellroy. L.A. Confidential tem todos os elementos clássicos do gênero - com o acréscimo de ser colorido. Não consigo imaginar outro diretor capaz de criar uma atmosfera tão glamourosa para encobrir o que a polícia de Los Angeles tinha de pior em meados do século passado (o aclamado Brian de Palma tentou fazer o mesmo e errou feio em Dália Negra). Policiais e prostitutas que parecem estrelas de cinema aparecem a todo instante na cidade de Hanson, que desvenda com toda elegância uma trama que mistura crimes e suspeitas. Tanto esmero acabou rendendo o Oscar de coadjuvante para Kim Basinger e para o roteiro magistralmente adaptado por Hanson e Bryan Helgeland.
02 DESEJO E REPARAÇÃO (2007) Joe Wright já demonstrava ser um diretor competente quando levou para as telas a sua versão de Orgulho e Preconceito, cunhado na obra de Jane Austen. Depois foi a outro extremo da literatura inglesa ao filmar suas impressões sobre o livro Reparação de Ian McEwan. A escrita árdua do autor ganha na tela um visual arrebatador para contar uma história de amor fadada à tragédia. Cecília (Keira Knightley) e o filho do caseiro, Robbie (James McAvoy, excelente) se descobrem apaixonados e poderiam até ficar juntos se não fosse a acusação feita pela irmã dela, Briony (Saoirse Ronan, indicada ao Oscar de coadjuvante) de que ele teria cometido um crime imperdoável. Wright destrincha com gosto os ressentimentos entre esses três personagens alternando a linguagem clássica do cinemão com elementos modernos de narrativa. Com um equilíbrio invejável conseguiu construir um dos filmes românticos mais elegantes desse início de século. Talvez por ter feito algo tão bem resolvido visualmente resolveu trocar a elegância pela sarjeta no fiasco "O Solista".
01 MARIA ANTONIETA (2006) Sofia Coppola tem lá suas ligações com o mundo da moda, mas foi na cinebiografia polêmica da jovem rainha francesa que demonstrou um apuro estético ainda maior em sua obra. Coppola filha ousou romper as barreiras do tempo ao contar a história da rainha decapitada na revolução francesa, resolveu mostrá-la sob uma perspectiva original e perigosa onde ela é retratada como uma garota contemporânea de sua faixa etária. Tudo no visual do filme é meticulosamente construído, cada adereço, cortina, vestido, sapatinho (com direito a All Star no closet) está exatamente onde deveria estar. Coppola exibe sua rainha (vivida por Kirsten Dunst) emoldurada com direção de arte e figurinos suntuosos em tons pastéis criando a atmosfera apropriada para a construção de um ícone fashion. Tem muitos filmes de época caprichados, mas este aqui é um verdadeiro deleite para os olhos (e ouvidos já que a trilha traz Strokes, New Order, Siouxsie & The Banshees...).
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