Titans: a série mais madura da DC.
Aclamada como a melhor série da DC, Titans foi concebida para o famigerado serviço de streaming da editora, mas, para chamar a atenção do público, foi disponibilizado no Brasil pela Netflix (portanto, amigos tenham consciência de que o programa deve deixar o catálogo da empresa nos próximos anos). Titans de fato é bem mais madura do que Flash ou Supergirl, também possui bastante habilidade para ampliar o universo da DC na telinha (só reparar as participações de rapina, Columba, Donna Troy, Patrulha do Destino...) . Como eu cresci nos anos 1980, estou acostumado aos personagens bem antes deles aparecerem em sua versão de desenho animado, quando eles ainda se chamavam Os Jovens Titãs, e não me incomodocom os ajustes que os produtores e roteiristas precisam fazer para que o grupo ganhe forma de um programa de televisão com seus ganchos e encadeamentos próprios deste tipo de formato. Também acho desnecessário ficar discutindo se Mutano (Ryan Potter) tem traços orientais e não é verde a maior parte do tempo ou se Estelar (Anna Diop) deixou de ter a pele laranja e os olhos totalmente verdes em tempo integral para ser interpretado por uma atriz negra. São discussões desnecessárias que não alteram em nada a essência dos personagens e as intenções do programa (e fico mais surpreso com estas reclamações ditas por fãs que nem se tocaram que Cyborg ficou de fora). Titans tem um encadeamento de episódios bastante eficiente e se concentra a maior parte do tempo em dois personagens: Robin (Brenton Thwaites) e Ravena (Teagan Croft). Desde o primeiro episódio parece haver um vínculo entre os dois personagens, mas se Ravena tem cada vez mais problemas para descobrir sua origem, Robin já está cansado de sua parceria com Batman e ainda não conseguiu se desvincilhar sua imagem do homem-morcego. Esta sensação de deixar o passado para trás ganha ênfase quando a série coloca ao lado deo primeiro Robin/Dick Grayson o novo Robin, Jason Todd (Curran Walters). São os conflitos do Robin que mais me deixaram interessado no programa, mais até do que o suspense com toques de terror em torno de Ravena e o fato dela ser perseguida por um bando de personagens esquisitos. Por outro lado, Mutano é apresentado rapidamente e é pouco aproveitado nesta temporada, assim como Estelar, que passa o tempo todo sem saber direito quem é e de onde veio, mas os dois devem ser mais explorados na próxima temporada. Achei um pouco cansativo a necessidade da série ter a obrigatoriedade de sempre ter duas ou três cenas de ação em cada episódio, em alguns momentos elas não eram necessárias - e tive a impressão que quando a situação ficava séria, alguém resolvia dar sopapos em figurantes. O que faz de Titans um grande acerto é como seus episódios são diferenciados, a estrutura de cada episódio costuma ser diferente dos demais, o que deixa a temporada com o grato sabor da imprevisibilidade. Esta receita fica ainda mais evidente no último episódio, onde Robin confronta seus fantasmas e deixa o gancho para a próxima temporada. Pode parecer prematuro, mas quando penso em um ator para fazer Robin, eu já penso em Brenton Thwaites. Ele faz o personagem conforme manda o figurino e está bem mais interessante do que seus trabalhos em filmes insossos como O Doador de Memórias (2014) ou Piratas do Caribe 6 (2017) - e seu encontro com Batman torna a expectativa para as próximas temporadas ainda maior. Curioso como um programa dedicado aos heróis adolescentes da DC Comics prima justamente pela maturidade de sua narrativa.
Titans (EUA-2018) de Greg Berlanti, Akiva Goldsman e Geoff Johns com Brenton Thwaites, Teagan Croft, Anna Diop, Ryan Potter, Curran Walters, Minka Kelly, Alan Ritchson e Conor Leslie. ☻☻☻☻
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