Miles (ao centro) e seus amigos: encontro de aranhas.
Retomando as atividades aqui no blog após alguns dias de férias, nada mais justo que a primeira postagem do ano seja do primeiro filme a que assisti em 2019. Confesso que quando a Sony anunciou que levaria para as telas uma animação centrada em Miles Morales, meu desconfiômetro soou forte. Minhas expectativas não eram das melhores depois de tanta confusão que o estúdio já envolveu o herói (o próprio Peter Parker atual que dá as caras nos filmes da Marvel ainda não deixou claro qual sua situação nesta pendenga empresarial). Quando começaram a surgir as críticas positivas e vi Homem-Aranha no Aranhaverso levar para casa o Globo de Ouro de Melhor Animação, minha curiosidade sobre o filme cresceu consideravelmente. O fato é que o filme dirigido pelo trio Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman (este também assinando o roteiro com Phil Lord) conta com um texto espertíssimo que não trai a essência do personagem aracnídeo. Parte do charme da produção está justamente em evocar tudo o que já vimos acontecer com o herói nas telonas (e as referências são várias, amplas e bem trabalhadas) e ter muito dos quadrinhos. Filho de um policial negro e uma latina, Miles Morales é um garoto comum do Brooklyn, que curte arte de rua e tem um relacionamento forte com o tio. Sua vida sai da rotina quando ele é mordido por uma aranha radioativa e... depois ele presencia uma nova máquina utilizada pelo Rei do Crime que está prestes a fundir acidentalmente os heróis aracnídeos de várias dimensões. Este é o ponto de partida para que Miles aprenda a se tornar um herói. Para isto, ele conta com a ajuda de Peter Benjamin Parker - aquele que conhecemos bem dos filmes da Sony, só que um pouco mais velho, barrigudinho e um tanto calejado pela vida. É curioso ver Miles sendo o herói jovem e inseguro, tal como Peter era em outros tempos e agora precisa ser um mentor mais experiente. Completa o grupo de heróis a Gwen Stacy como Mulher-Aranha (falando nisso, quando a Marvel irá usar a personagem original?), o Porco-Aranha (desculpe, não resisti, mas o Spider-Ham foi criado em 1987 e aqui brinca um bocado com suas semelhanças com o Gaguinho), Homem-Aranha Noir (Nicolas Cage emprestando a voz no personagem criado para a minissérie que só chegou ao Brasil em 2011) e Peni Parker (criada em 2014 com sua aranha de estimação dando vida a um robô - e que não duvido que receberá uma aventura solo em breve com seu estilo anime). O filme consegue misturar este grupo de heróis muito bem, acrescente as repaginadas nos papéis de Tia Mae, Mary Jane, Doutor Octopuss, Duende Verde e uma pilha de outras referências do universo aracnídeo em um visual estiloso impressionante e o que fica é uma das animações mais interessantes dos últimos anos. O filme tem humor, drama, ação e um ritmo realmente contagiante. No entanto, no meio de tanta informação, o filme não perde de vista que seu protagonista é Miles Morales - e seus dilemas são trabalhados ao longo do filme sem correria, numa cadência bastante peculiar para os filmes de heróis a que estamos acostumados. Depois de ganhar o Critic's Choice Awards e estando na mira dos indicados ao Oscar (a serem divulgados amanhã), o filme tem tudo para ser a animação mais premiada da temporada (e falo isso com certa dor, porque adoraria ver Ilha dos Cachorros dar o Oscar para Wes Anderson, mas será difícil). Homem-Aranha no Aranhaverso é o grande acerto da Sony com o personagem, quem diria!
Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man in the Spiderverse / EUA - 2018) de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman com vozes de Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Lily Tomlin, Zoë Kravitz, Kimiko Glenn, Kathryn Hann, Liev Schreiber e Chris Pine. ☻☻☻☻☻
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