Joann e Thomas: história de amor e música.
Todo mundo já imaginava que Guerra Fria estaria indicado ao Oscar de filme estrangeiro (e se não houvesse um favoritismo tão grande ao redor de Roma, provavelmente ele seria o premiado na categoria). A surpresa mesmo ficou por conta da indicação do cineasta Pawel Pawlikowski na categoria de melhor diretor, deixando para traz nomes cotados como Barry Jenkins e Damien Chazelle - que tiveram seus filmes indicados em pouquíssimas categorias. Pawel já é conhecido da Academia desde que Ida (2013), seu quinto longa metragem, foi premiado com o Oscar de filme estrangeiro. Pawel já fez dois filmes em língua inglesa (Meu Amor de Verão/2004 e Estranha Obsessão/2011), mas é quando filma em seu país que suas histórias crescem e se tornam ainda mais atraentes. Assim como em Ida ele mistura a história do seu país com a trajetória pessoal dos personagens - envolvidos por uma belíssima fotografia em preto e branco (assim como ocorreu com Ida, Guerra Fria também nesta categoria). O cineasta agora nos conta a história de amor entre um músico experiente e uma jovem cantora que se conhecem na Polônia nos anos 1950. Ele se chama Wiktor (Tomasz Kot) e, no início, viaja pelo país em busca de vozes para participarem de um coral de música regional. Ao lado da parceira, Irena (Agata Kulesza), ele descobre talentos em vilarejos afastados castigados pelo frio e os leva a participar de um grupo que chama bastante atenção na época. Entre suas descobertas, Zula (a excelente Joanna Kulig) é a sua favorita. Desde a cena em que se conhecem somos capazes de sentir a química entre os dois. No entanto, basta o grupo chamar atenção de líderes políticos que a vida de Wiktor e Zula tomam novos rumos. O roteiro sobrepões as idas e vindas do casal com o clima tenso existente entre os países europeus na época do pós-guerra e, por mais que as decisões deles estivessem relacionadas aos sentimentos que um nutria pelo outro, o trânsito entre fronteiras era mal visto. Guerra Fria conta sua história de amor de forma episódica em uma cadência perfeita, com recortes precisos sobre os acontecimentos em torno do casal. Nesta construção a música emerge como um elemento fundamental na construção das cenas e das emoções do casal. A câmera de Pawel sabe onde exatamente ficar e qual movimento utilizar para tornar tudo ainda mais belo e interessante. Existem aqui imagens e sons que ficarão em sua mente por muito tempo! Colabora muito para isto, os trabalhos sólidos de Thomas Kot (que parece um galã vindo diretamente dos anos 1950 com o uso magnífico da luz em cada enquadramento) e Joanna Kulig (que dá conta do amadurecimento da personagem de forma impressionante). Particularmente eu não gostei do final, mas, ainda assim, Guerra Fria é um dos filmes mais bonitos que assisti nos últimos anos e a trilha sonora não sai da minha cabeça. Simplesmente hipnótico.
Guerra Fria (Zimna Wojna / Polônia - França - Reino Unido / 2018) de Pawel Pawlikowski com Thomas Kot, Joann Kulig, Cédric Kahn, Jeanne Balibar e Agata Kulesza ☻☻☻☻☻
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