quinta-feira, 13 de maio de 2021

NªTV: O Legado de Júpiter

 
Duhamel (ao centro) e seus parceiros: não matarás. 

Ouvi tantas críticas negativas sobre a nova série de heróis da Netflix que  confesso que imaginei que ela seria um verdadeiro desastre. Não é para tanto. O Legado de Júpiter não está destinado a se tornar um clássico, mas é honesto ao tentar seus próprios caminhos em tempo de heróis desconstruídos como vemos em The Boys e Invencível (ambos da Amazon Prime Video). Sim, aqui existe cenas de violência com intestinos, cabeças decepadas e tudo mais, só que a narrativa é bem mais contida e com tendência para explorar o drama de seus personagens. Criado por Steven S. DeKnight baseado na graphic novel de Mark Millar (também criador de Kick-Ass e Kingsman). A história bebe diretamente na fonte da era de ouro dos quadrinhos e mostra um mundo em que os heróis envelhecidos precisam lidar com seus filhos e uma nova geração em contato com um código moral que passa a ser questionado. O protagonismo da série fica por conta da família Sampson, liderada por Sheldon (Josh Duhamel) e a matriarca Grace (Leslie Bibb) que ficou conhecido como o casal de super-heróis Utópico e Lady Liberdade, que lideraram por décadas um grupo de heróis - formada por um grupo de conhecidos que se aventuraram ao lado deles em uma jornada misteriosa nos anos 1930. A série vai e volta no tempo, retratando este passado (e se alonga um pouco demais até chegar a dizer como os heróis receberam seus poderes) e o presente, em que os filhos destes heróis começam a questionar o código que prega o mandamento máximo de não matar o pior vilão que seja. Não por acaso é através do herdeiro Brandon Sampson (Andrew Horton), o Paradigma, que o questionamento deste mandamento heróico passa a ser duramente questionado.  Por outro lado temos a irmã dele, Chloe (Elena Kampouris) que prefere seguir a carreira de modelo e usar drogas a voltar a lutar pelo legado dos pais. Junto a esta nova geração de heróis (e vilões) o discurso de que os tempos são outros e medidas extremas devem ser adotadas são ditas a toda hora enquanto Utopia é irredutível em manter-se em seus princípios. A primeira temporada enrola demais em trabalhar as questões citadas, mas sabe construir um universo próprio e ampliar o número de personagens ao longo de seus oito episódios (com duração variada de quase uma hora a pouco mais de trinta minutos). A maquiagem e os efeitos especiais também não de encher os olhos, mas o melhor é que a série deixa claro que tem muito potencial para novas temporadas, ainda mais com um mistério que revela-se uma grande conspiração em seu último episódio. Menos agressiva que as séries badaladas da Amazon Prime, mais adulto que as da CW e sem a necessidade de se conectar com um vasto universo como as séries da Marvel, O Legado de Júpiter lembra bastante o tom da versão para o cinema de Watchmen com seus heróis entre o passado e o futuro regado a um bocado de desilusão. No entanto, a primeira temporada parece na verdade um grande epílogo para tudo o que virá pela frente. 

O Legado de Júpiter (Jupter's Legacy / EUA-2021) de Steven S. DeKnight  com Josh Duhamel, Leslie Bibb, Ben Daniels, Andrew Horton, Elena Kampouris, Mike Wade, Tyler Mane e Matt Lanter. ☻☻ 

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