sábado, 15 de março de 2025

PL►Y: O Aprendiz

Strong e Sebastian: indicados ao Oscar em filme polêmico. 

 Sebastian Stan pode dizer que 2024 foi o ano de ouro de sua carreira. Premiado no Festival de Veneza por sua interpretação em Um Homem Diferente, o mesmo filme lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor interpretação masculina em comédia ou musical. Reconhecido pelo trabalho em outras premiações independentes, Stan cogitava ser lembrado no Oscar pelo trabalho! Quando saíram as indicações ao maior prêmio de Hollywood, ele de fato estava lá, mas por outro trabalho o do jovem Donald Trump em O Aprendiz. O filme de Ali Abassi teve problemas de distribuição em solo americano e em outros países por conta de sua temática sobre a relação entre o jovem herdeiro do mercado imobiliário e o advogado e mediador político Roy Cohn (vivido aqui com grande estranheza por Jeremy Strong, que foi lembrado na categoria de ator coadjuvante) durante os anos 1970 e 1980. Obviamente que perante a recente eleição dos Estados Unidos, o filme poderia receber grande projeção (ou rejeição), além de uma promoção gratuita com todos os xingamentos que Trump e seus seguidores destinaram ao filme. Mais interessante do que ficar discutindo o que é verdade ou mentira nas situações apresentadas na produção é perceber no roteiro do estreante Gabe Sherman os sinais de como Trump se tornou dono de um império e mais tarde se tornou um nome presidenciável em seu país. A proximidade entre Cohn e Trump começa quase que por acaso e ganha contornos para além dos negócios, afinal, foi Cohn que influenciou o acordo nupcial de seu famoso casamento com Ivana Trump (vivida por Maria Bakalova). Strong representa Cohn de forma repulsiva, com todos os preconceitos e discursos que infelizmente ouvimos sair de figuras influentes da política atual como se fossem trivialidade. Fica perceptível como a proximidade entre os dois ajudou a moldar o discurso de Trump e, mais do que isso, fazer com que ele percebesse que existiam intenções e discursos políticos que não poderiam ser ditos claramente, mas que era capaz de agregar seguidores em sua jornada rumo a postos de poder. Abassi opta por uma narrativa quase documental, como se estivesse espionando o que se passa naqueles encontros e situações com uma câmera na mão e fotografia datada. O tom segue discreto, mas por vezes soa como um grande deboche no humor que brota de cenas desconfortáveis. Os pares devem ter apreciado a coragem de Sebastian Stan para encarnar um personagem real tão conhecido explorando justamente as suas nuances menos lisonjeiras e, em alguns momentos, eu realmente não parecia ver o ator de Soldado Invernal em cena, mas uma versão jovem do sujeito em questão. Quem também merecia algum reconhecimento na temporada de prêmios era Maria Bakalova, que está ótima como a esposa que funciona como contraponto do universo ao seu redor (e que sofre as consequências por conta disso).  Em alguns momentos eu parecia ver um versão às avessas do filme anterior do diretor, O Tigre Branco (2021) que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Embora seja menos esperto que sua obra lançada pela Netflix, O Aprendiz está totalmente imerso em polêmica, o que pode ofuscar seus méritos como cinema. 

O Aprendiz (The Apprentice / EUA - 2024) de Ali Abassi com Sebastian Stan, Jeremy Stron, Maria Bakalora, Martin Donovan, Charlie Carrick, Mark Rendall e Joe Pingue ☻☻☻

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