quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
PL►Y: Sem Relação
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
4EVER: Marisa Paredes
03 de abril de 1946✰12 de dezembro de 2024 |
María Luisa Paredes Bartolomé nasceu em Madrid e ao longo de sua carreira se consolidou como uma das grandes damas do cinema espanhol. Atuando desde os 14 anos de idade, a artista foi aclamada em vários momentos de sua carreira. Presença no cinema espanhol desde 1960, sua carreira ganhou apelo mundial a partir de sua primeira colaboração com o cineasta Pedro Almodóvar com o filme Maus Hábitos (1983), desde então se tornou uma das musas do cineasta, com quem trabalhou novamente em De Salto Alto/1991 (pelo qual foi premiada como melhor atriz no Festival de Gramado), A Flor do Meu Segredo/1995, Tudo Sobre Minha Mãe/1999, Fale Com Ela/2002 e A Pele que Habito/2011. Com presença marcante em mais de cem produções, entre os anos 2000 e 2003, Paredes presidiu a Academia Espanhola de Cinema e em 2018 recebeu o Prêmio Goya pelo conjunto da carreira. O último trabalho da atriz é o longa-metragem Saída de Emergência que encontra-se em pós-produção. Marisa faleceu após uma internação por problemas arteriais.
PL►Y: Longlegs
Maika: um serial killer das trevas. |
Pode se dizer que entre todos os filmes que foram lançados durante o ano, o terror Longlegs se tornou o sucesso mais surpreendente do ano. Muito se deve à aura de mistério construída em torno do marketing em que nada era revelado sobre a trama. Tudo o que circulava era que se tratava de uma investigação sobre uma série de crimes mal resolvidos e, depois que o filme estreou, começaram a falar muito sobre a presença e Nicolas Cage em mais um daqueles trabalhos que só funcionariam se fosse feito por ele. Houve um hype tão grande em torno do filme que logo rendeu dez vezes o seu orçamento nas bilheterias mundiais (custou cerca de dez milhões de dólares, uma ninharia para os padrões de Hollywood). A plateia carente de um suspense envolvente e saturada de ideias recicladas, caiu de amores pelo filme de atmosfera estranha em torno de uma trama macabra que flerta com o fantástico em contraste com sua aparência realista. O responsável por conciliar este contraste complicado é Osgood Perkins (ou Oz Perkins para os íntimos), o filho de Anthony Perkins (ele mesmo, o próprio ator do clássico Psicose/1960). Até aqui, Oz era mais conhecido por ser uma figura dissonante em Hollywood, principalmente por curtir fazer filmes de terror mas não assiste os sucessos recentes do gênero - o que lhe garante uma estética bastante peculiar, distante do que está na moda. O moço trabalha como ator desde 1982, quando fez a versão mirim de seu pai em Psicose2 (1983) quando tinha apenas nove anos de idade. Desde então já participou de tudo quanto é tipo de séries e filmes, de Legalmente Loira (2001) até Star Trek (2009), mas aquele sujeito grandalhão e meio deslocado chamou atenção mesmo quando dirigiu seu primeiro filme, Enviada do Mal (2015), também conhecido como February ou The Blackcoat's Daughter. O filme (que visto hoje parece a versão diabólica do recente Os Rejeitados/2023) causou estranhamento assim que estreou e obteve relançamentos por conta de não saberem exatamente como vender o filme. Passado outros dois filmes sem muito sucesso, Osgood finalmente conseguiu construir uma história capaz de se comunicar com um público mais amplo, embora, muito de sua estreia para lá de sombria tenha semelhanças com a atmosfera construída por aqui. O filme acompanha Lee (Maika Monroe), uma novata agente do FBI que costuma ter intuições certeiras. Por conta de sua sensibilidade aguçada, ela é escolhida para auxiliar a desvendar uma série de crimes envolvendo famílias até então tranquilas. Ao que tudo indica, o pai da família é o responsável pelas atrocidades antes de tirar a própria vida. No entanto, no local dos crimes é deixada uma carta com códigos indecifráveis assinadas por Longlegs. Para não comprometer as surpresas, basta dizer que Lee irá começar a desvendar as entrelinhas dos crimes e se deparar com detalhes cada vez mais estranhos e alguns segredos que ela preferia não ter descoberto. É um filme de investigação carregado na rédea curta pelo diretor e que gerou comparações com o incomparável O Silêncio dos Inocentes (1991) pela forma como em boa parte das cenas, mais sugere do que mostra. Perkins constrói meticulosamente um verdadeiro universo em que tudo é incerto e o mal está sempre à espreita com as artimanhas mais cruéis. Transitando por tudo isso está um elenco perfeito, Maika Monroe está ótima como uma protagonista que também pode ser classificada como estranha (e perceba como ela muda de postura quando está "liberta" de sua própria maldição), a atriz realiza um trabalho sutil, que transpira desconforto a maior parte do tempo. Ela é seguida de perto pelo "chefe" Blair Underwood e da "mãe" Alicia Witt. Obviamente que em outro nível está Nicolas Cage, que deixa pairar sobre o filme um estranhamento ainda maior com as sandices que saem de sua boca em aparência grotesca. Fazia tempo que eu não assistia um filme em que não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo e que me deixasse tão apreensivo diante do que via. Para piorar, Oz se inspirou em um crime real sem solução para criar o filme e, ao conhecer a história verídica, tive a impressão que o cineasta lidou com seus próprios temores sobre o caso ao criar o roteiro. No fim das contas, o resultado é tão trevoso que o diretor faz a gentileza de deixar um gesto (visivelmente improvisado por Cage) para lembrar à plateia que é tudo é uma fantasia (embora seja das mais assustadoras).
Longlegs: Vínculo Mortal (EUA - 2024) de Osgood Perkins com Maika Monroe, Blair Underwood, Alicia Witt, Michelle Choi-Lee e Dakota Daulby. ☻☻☻☻
domingo, 15 de dezembro de 2024
PL►Y: MaXXXine
Mia e Tabby Martin: a hora do pastiche. |
Nos início de 2022, quando o cinema ainda tentava se recuperar da pandemia, a A24 lançou um filme de terror sem muito estardalhaço. Chamado apenas de X (e aqui recebendo o aposto A Marca da Morte), o longa contava a história de uma equipe responsável pelas gravações de um filme pornográfico dos anos 1970 que resolveu fazer locações em uma fazenda. Os donos da fazenda, eram idosos aparentemente inofensivos até que... começa a carnificina. Com referência nos slasher movies do período, o diretor Ti West chamou atenção de público e crítica pela criatividade com um filme que poderia ter sido mais do mesmo. A ideia deu tão certo que gerou uma sequência lançada no mesmo ano, Pearl (2022), ainda mais interessante ao centrar a narrativa na juventude de insana senhora Pearl Douglas, a velhinha dona da tal fazenda. Em ambos os filmes, ainda que em tempos diferentes, a idosa é interpretada magistralmente por Mia Goth, que alcançou status de estrela e ajudou West a dar forma ao roteiro da sequência, que se tornou um longa ainda mais robusto com referências aos clássicos do cinema. Vale lembrar que em X, Mia também era responsável por viver Maxine Minx, uma jovem estrela pornô que se tornava objeto de desejo de Pearl. Agora é Maxine que ganha um filme para chamar de seu, desta vez ambientado nos anos 1980 e que flerta com a atmosfera dos filmes policiais centrados na perseguição a um serial killer tão comuns no período. Maxine ainda vive atormentada pelos acontecimentos chocantes do primeiro filme, mas deseja largar o ramo de filmes para maiores e se tornar uma atriz respeitável em Hollywood. Obviamente que ela terá que superar todo o conservadorismo (e a hipocrisia) que varreu os EUA durante os anos 1980 se quiser mudar de vida. Sorte que além de esperta, a jovem tem o talento dramático necessário para ser escolhida como protagonista de uma sequência de um sucesso do terror: A Puritana 2. Só que nada será fácil na vida da moça, já que alguém a persegue misteriosamente a acusando de ter cometido os assassinatos na fazenda na década passada enquanto a cidade vive atormentada com a presença de um serial killer. Mais uma vez Ti West investe na construção de uma atmosfera diferenciada pautado em uma referência temporal do horror para contar sua história, mas aqui ele precisa lidar com duas situações involuntárias: a primeira é toda aceitação que Pearl recebeu e que, as várias referências do terror dos anos 1980, fazem o filme ficar cada vez mais próximo do pastiche de um filme Z. Esta sensação acontece quase o tempo todo, especialmente quando entra em cena os policiais vividos por Michelle Monaghan e Bobby Canavalle (este mais canastra do que nunca), o detetive vivido por Kevin Bacon e até o grande vilão da história em seu ato final (que eu já imaginava quem era desde que a sinopse do filme foi anunciada, basta lembrar daquelas cenas finas de X). Tudo é exagerado e um pouco tonto por aqui, o que desperdiça toda a reconstituição de época cuidadosa, seja na fotografia granulada, nas cores, na trilha sonora ou no figurino. Ironicamente, é a primeira vez que Ti trabalha com tantos nomes conhecidos de Hollywood (ainda conta com Giancarlo Esposito, Lily Collins e Elizabeth Debicki), mas ninguém tem muito o que fazer em cena. Abandonando o foco que fazia os filmes anteriores serem tão eficientes, MaXXXine atira para todos os lados e acaba deixando até o filme dentro do filme de lado. Não por acaso o longa desagradou os fãs da franquia que notaram que o texto oferece menos à Mia Goth do que os filmes anteriores. Ouvi alguns comentários de que West tem ideias para outros filmes dentro deste universo, mas não sei se é uma boa ideia, melhor parar por aqui.
MaXXXine (EUA- 2024) de Ti West com Mia Goth, Giancarlo Esposito, Kevin Bacon, Elizabeth Debicki, Bobby Cannavale, Michelle Monaghan, Lilly Collins, Sophie Thatcher, Moses Sumney e Simon Prest. ☻☻
FILMED+: Os Rapazes da Banda.
O elenco: do teatro para as telonas. |
PL►Y: A Garota da Vez
A Garota da Vez (Woman of the Hour / EUA - 2023) de Anna Kendrick com Anna Kendrick, Daniel Zovatto, Tony Hale, Nicolette Robinson, Pete Holmes, Matt Viser e Dylan Schmid. ☻☻☻
sábado, 14 de dezembro de 2024
10+ Filmes procurados no Blog em 2024
Ano passado inaugurei uma nova modalidade de lista por aqui, a relacionada aos textos postados durante o ano que mais chamaram atenção dos leitores. Assim como em 2023, tive gratas surpresas, a começar pelo pódio sem produções Made in Hollywood e liderado por um filme brasileiro (e não é aquele que você está pensando)! Temos ainda o primeiro filme de um diretor badalado, uma animação (que também não é a que você imagina), um clássico queer, um fracasso de bilheteria, uma das ousadias da temporada passada, um cult norueguês, o longa mais sem graça indicado ao último Oscar, um filme francês sem destaque nos cinemas e um terror underground (que não é o que você pensou).
Prontos para a lista mais surpreendente do blog?