segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Na Tela: Conclave

Fiennes: os bastidores da eleição do novo Papa. 

Quanto Conclave começou a ser exibido, muitos declararam que era a vez de finalmente Ralph Fiennes levar o primeiro Oscar de sua carreira. A indicação ele já conseguiu, mas tendo em vista a carreira do ator britânico, torna-se surpreendente que esta seja apenas a terceira indicação de uma longa carreira com atuações memoráveis (antes ele concorreu como coadjuvante por A Lista de Schindler/1993 e ator principal por O Paciente Inglês/1996). Em Conclave ele vive o Cardeal Laurence, que após a morte do Papa, torna-se responsável por conduzir o processo confidencial da escolha do próximo líder da Igreja Católica. Representantes da Igreja de todo o mundo vão ao Vaticano e ficarão isolados para realizar a votação até que um dos candidatos alcance o número necessário de votos para que seja o sucessor do falecido. Acontece que desde a morte do Papa, uma série de comentários e segredos começam a chegar aos ouvidos de Laurence, que logo percebe que o trabalho será muito mais árduo do que ele imagina. O diretor Edward Berger (do excepcional Nada de Novo no Front/2022) é muito bem ancorado pelo roteiro de Peter Straughan baseado no livro de Robert Harris. Para escrever sua obra, Harris realizou muita pesquisa entre padres, freiras e um cardeal que participou de uma votação, com isso criou uma trama cheia de subtextos e que chega às telas com tom de conspiração, o que pode incomodar alguns fiéis. No entanto, o que vemos na tela não é nada muito diferente entre os conflitos entre grupos mais conservadores e outros mais liberais que ocorre nos espaços de poder. Existe toda uma preocupação em torno da concepção de mundo que o próximo Papa possui, seja sobre divórcio, homossexuais, imigração, política, assim se revela uma rede de intrigas envolvendo nomes como os sacerdotes Bellinni (Stanley Tucci), Tremblay (John Lithgow), Tedesco (Sergio Castelitto), Adeyemi (Lucian Msamati), Wozniak (Jacek Koman) e Benitez (Carlos Diehz) e seus segredos mais ocultos virão a tona para influenciar nos votos de seus colegas. No meio de tanta disputa, Laurence se preocupa cada vez mais com o nome que será escolhido (e o temor que seja o dele próprio). Berger reuniu um elenco de respeito (que inclui ainda Isabella Rossellini em uma participação mais do que especial que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar da carreira) e constrói um clima de tensão que perpassa toda a narrativa mas, por vezes, a rede de intrigas se torna um tanto cansativa para sustentar duas horas de filme. No entanto, nada que diminua os méritos do filme que concorre em oito categorias no Oscar, incluindo Melhor filme, ator (Ralph Fiennes), atriz coadjuvante (Isabella Rossellini), roteiro adaptado, montagem, figurinos, design de produção e trilha sonora original. 

Conclave (Reino Unido - EUA / 2024) de Edward Berger com Ralph Fiennes, John Lithgow, Stanley Tucci, Isabella Rossellini, Sergio Castelitto, Lucian Msamati, Jacek Koman, Carlos Diehz e Thomas Loibl. ☻☻☻☻

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