sábado, 17 de fevereiro de 2024

PL►Y: As Marvels

Teyonah, Brie e Iman: alarme no máximo.

As Marvels parece ter selado a pior fase da Marvel Studios nos cinemas. A coisa já não andava muito empolgante depois de Thor: Amor e Trovão (2022) e Quantumania (2023), mas ainda ganha ares melancólicos quando o mais empolgante do ano passado foi a despedida dos Guardiões da Galáxia - Volume 3 (que também marca a ida de vez de James Gunn para as produções da DC (e imagino o desespero dele com todo mundo dizendo que o gênero dos filmes de Super Heróis ter saturado e depositando nele a esperança de remodelar um estúdio claudicante). Não sei bem se "saturado" é a palavra certa, já que tanto a última aventura de Groot e sua turma quanto (o indicado ao Oscar de melhor animação) Homem Aranha Através do Aranhaverso (2023) demonstraram que este tipo de filme ainda pode render filmes interessantes, desde que os estúdios espantem a preguiça ao fazer mais do mesmo.  Talvez o público esteja cansado da repetição, das tramas emboladas sem muita razão de ser, as piadas que ninguém acha graça, os vilões que parecem concebidos por ChatGPT e as cenas de ação genéricas em cenários artificiais. As Marvels é a soma de tudo isso com o agravante de ser um filme que ninguém pediu. Faz tempo que em se tratando de Marvel todo burburinho gira em torno de quando os filmes irão introduzir o Quarteto Fantástico e X-Men, mas os executivos parecem mais interessados em fazer filmes com os personagens já apresentados anteriormente em tramas ocas e gerar cenas pós-créditos com algo extraordinário que nunca chega. Nos últimos anos a Marvel ampliou ainda mais o seu grupo de personagens no cinema ou na televisão e investiu na mistura destes dois veículos na condução de suas tramas. A pergunta que o público se faz é onde fica a costura de tudo isso? A julgar por As Marvels, a costura fica nas várias cenas de "no capítulo anterior" que emperram ainda mais o filme. A saga do multiverso se mostrou uma grande bagunça frouxa, que vai do nada ao lugar algum em suas voltas em torno de si mesma. A impressão é que a Marvel não sabe para onde ir - e as bilheterias decrescentes só comprovam que o público percebeu isso. As Marvels foi lançado no pior momento do estúdio e poderia ser um momento de redenção se não fosse apenas mais uma amostra de como tudo pode dar errado. A trama é uma zona completa explorando mais uma vez a guerra entre os Kree e os Skrull. A vilã da história é Dar Benn (Zawe Ashton, desastrosa) a nova líder dos Kree que recupera um dos braceletes quânticos e afeta os poderes do outro bracelete que está com Kamala Khan, a Miss Marvel (Iman Velanni). Com outro bracelete em uso, Kamala começa a trocar de lugar com Capitã Marvel (Brie Larson) e Monica Rambeau (Teyonah Parris). As três terão que aprender a lidar com este efeito colateral e trabalhar juntas para derrotar a vilã em uma jornada bocejante. Tudo aqui é genérico. As cenas de ação, os efeitos especiais e até as interpretações. Se Iman Velanni repete a empolgação de sua personagem na série do Disney+, a Brie Larson tem a missão de tirar leite de pedra com esta versão mais careteira da sua personagem, o que faz a atriz parecer ainda mais desconfortável do que em sua aventura solo. Já Teyonah Parris se esforça para trazer alguma dignidade para a personagem, mas o roteiro não ajuda, quanto ao Samuel L. Jackson eu nem vou comentar. Desanimado e sem ter para onde ir, o filme costura piadinhas e cenas de ação sem muita convicção, por vezes beirando o ridículo como o planeta que vive em um grande musical ou os gatos famintos comendo uma tripulação inteira... de tropeço em tropeço o filme chega ao desfecho. Triste também foi ver o filme naufragar  nas bilheterias e ouvir os comentários que era por conta da lacração das personagens femininas. Não é nada disso, é por conta do desleixo com que o filme foi concebido. A diretora Nia DaCosta parece não fazer a mínima ideia do que está fazendo, mas perante as intervenções da Marvel, talvez seja melhor assim para não comprometer o nome de vez. Espero que As Marvels tenha feito soar o alarme no volume máximo no estúdio, principalmente com as cenas pós-créditos e suas promessas de Jovens Vingadores e introdução dos X-Men no universo Marvel, mas até aqui já tivemos tantas promessas que  até isso soa mais do mesmo. Passou da hora de se reinventar, Kevin Feige. 

As Marvels (The Marvels / EUA - 2023) de Nia DaCosta com Brie Larson, Iman Velanni, Teyonah Parris, Zawe Ashton e Samuel L. Jackson.

Nenhum comentário:

Postar um comentário