Amor (Amour) conta a história de Georges e Anne, um casal de aposentados que costumava dar aula de música. Com uma filha musicista que mora em outro país o casamento de ambos será testado quando Anne tiver um derrame que deixará parte de seu corpo paralisado. Ganhador da Palma de Ouro em Cannes, o filme de Michael Haneke é a versão lírica de seus filmes mais árduos. O filme concorre em cinco categorias: Filme, diretor (Haneke), atriz (Emmanuelle Riva), roteiro original e deve levar somente o de filme estrangeiro depois das vitórias do conterrâneo
O Artista no ano passado.
Argo é o terceiro filme dirigido por Ben Affleck e se tornou o seu maior sucesso atrás ou diante das câmeras. O filme sobre a inusitada operação de resgate da CIA aos funcionários da embaixada americana no Irã no ano de 1980 é tão inacreditável que somente nas mãos certas iria funcionar. O casamento bem sucedido entre tensão e ironias rendeu sete indicações ao Oscar: Filme, ator coadjuvante (Alan Arkin), roteiro adaptado, edição, trilha sonora, edição de som e mixagem de som. Já somando cinquenta prêmios no currículo, o filme ficou de fora da categoria de direção (menos mal que Affleck ganhará como produtor) mas deve ganhar o reconhecimento da Academia como sua cereja no bolo.
As Aventuras de Pi (Life of Pi) é adaptado do livro de Yann Martel (que quando publicado foi acusado de plágio da obra do brasileiro Moacir Scliar) e rendeu um dos filmes em 3D mais poéticos de que se tem notícia. A história do jovem indiano que após um naufrágio tenta sobreviver num barco ao lado de um tigre de bengala transcende o uso de efeitos especiais e está indicado em 11 categorias: filme, direção (Ang Lee), roteiro adaptado, fotografia, efeitos especiais, edição, trilha sonora, canção original, direção de arte, mixagem de som e edição de som. Apesar do sucesso o filme deve ganhar somente categorias técnicas.
Django Livre comprova que o liquidificador de referências de Quentin Tarantino continua funcionando a todo vapor. O filme conta a história de um escravo liberto que arma um plano para resgatar sua esposa que trabalha para um fazendeiro malévolo. A violência estilizada e total ausência de precisão histórica agradou aos fãs do diretor, a crítica e a Academia, já que o filme concorre em cinco categorias: Filme, ator coadjuvante, edição de som, fotografia e tornou-se o favorito na categoria de melhor roteiro original.
A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty) Houve uma época em que o novo filme de Kathryn Bigelow tornou-se o favorito ao Oscar, mas esse tempo durou poucas semanas quando o filme começou a gerar polêmica sobre sua visão de como foi orquestrada a operação de capturar Osama Bin Laden - especialmente pelo uso de tortura (como se alguém acreditasse que ela não ocorreu). As polêmicas acabaram custando a indicação da diretora, mas o filme concorre em categorias nobres como (filme, atriz-Jessica Chastain e roteiro original), além de edição e edição de som.
Indomável Sonhadora (Beasts of Southern Wild) exibido, aclamado e premiado em Cannes, o filme de Behn Zeitlin conseguiu se tornar um dos destaques da noite com seu tom de fábula e crítica social. A história de uma menina encantadora que precisa ajudar a região onde mora depois de uma enchente se tornou um dos filmes mais queridos do ano. Talvez o filme não leve nada, mas já entrou para a história por ter a mais jovem candidata ao Oscar de atriz: Quvenzhané Wallis de apenas oito anos. O filme ainda concorre nas categorias de direção (Zeitlin) e roteiro adaptado, num total de quatro categorias.
O Lado Bom da Vida (Silver Linnings Playbook) prova que David O. Russel gosta mesmo é de fazer comédias - e de preferência com personagens complicados. Esta comédia romântica protagonizada por uma garota problemática que ajuda um homem bipolar a colocar a vida nos eixos já ganhou vários elogios e prêmios e deve levar alguma das oito categorias a que concorre neste ano: Filme, direção (Russell), ator (Bradley Cooper), atriz (Jennifer Lawrence), ator coadjuvante (Robert DeNiro), atriz coadjuvante (Jacki Weaver), roteiro adaptado e edição. Se você perceber o filme é o único que concorre em todas as cinco categorias principais - seria um sinal?
Les Misérables é a sexta adaptação que a obra de Vitor Hugo recebeu para o cinema (se somarmos com as feitas para TV serão nove!). Desta vez a empreitada ficou com um visual ainda mais ambicioso sob a assinatura de Tom Hooper - em seu primeiro filme depois do Oscar por
O Discurso do Rei (2010). O musical feito a partir das mazelas francesas do século XIX conta a história de Jean Valjean que é perseguido pelo sistema enquanto tenta seguir sua vida cuidando a filha adotiva Cosette. Além da categoria de melhor filme, o longa ainda concorre nas categorias ator (Hugh Jackman), atriz coadjuvante (Anne Hathaway), figurino, maquiagem, melhor canção, direção de arte e mixagem de som.
Lincoln é a visão de Steven Spielberg sobre um momento crucial na vida do presidente americano. Sendo o mais indicado da noite, o filme confirma o gosto da Academia por Spielberg filmando épicos históricos, no entanto, o filme tem uma grande pedra em seu sapato:
Argo. O filme concorre ao careca dourado nas categorias filme, direção (Spielberg), ator (Daniel Day Lewis), ator coadjuvante (Tommy Lee Jones), atriz coadjuvante (Sally Field), roteiro adaptado, mixagem de som, direção de arte, trilha sonora, edição, figurinos e fotografia. Certeza mesmo só na categoria de Melhor Ator, porque acho que a Academia não deve dar o terceiro Oscar de direção para Spielberg.
O ESQUECIDO: AS SESSÕES Eu poderia colocar aqui
007 Operação Skyfall, mas conhecendo a política da Academia com filmes de ação eu já imaginava que estaria fora do páreo. Esse não era o caso de
As Sessões, o tipo de filme que pensei que seria coberto de indicações por lidar de forma tão espirituosa com temas espinhosos. A história do deficiente que deseja perder a virgindade antes de morrer e contrata uma terapeuta diferente (Helen Hunt, a única lembrada pela Academia) merecia aparecer pelo menos nas categorias de filme, direção, ator (John Hawkes, estupendo), ator coadjuvante (William H. Macy) e roteiro adaptado. Sendo indicado somente em uma categoria (que provavelmente não ganhará) o filme entra para o grupo de esquecidos pela Academia.