domingo, 16 de junho de 2019

PL►Y: Mandy - Sede de Vingança

Cage: personagem contra bizarrices. 

Aclamado como um dos melhores filmes de terror do ano passado, Mandy de Panos Cosmatos é uma experiência bastante estranha - até mesmo para quem assistiu aquela sandice Além do Arco-Íris Negro (2010) filme anterior do cineasta. Ambos deixam evidentes o estilo do diretor: uso delirante de cores (sobretudo vermelho), trilha sonora com sintetizadores e uma história destrambelhada. Aqui a história se passa em 1983 e é dividida em três atos. No primeiro, conhecemos o paraíso particular de Red Miller (Nicolas Cage), que após uma temporada de trabalho vive isolado em uma floresta com a namorada, Mandy Bloom (a camaleônica Andrea Riseborough). Ainda que nesta parte o paraíso dos dois seja apresentado sem pressa, Cosmatos insere um toque de pesadelo aqui e ali, seja em sonhos ou lembranças, a sensação é que o mal está sempre à espreita. Eles nem imaginam que o mal será encarnado por um bando de sujeitos estranhos que cruzam com Mandy numa estrada e a partir daí o filme se torna um horror macabro com direito a um trio de criaturas estranhas e um grupo de doidos que cultuam um cantor biruta chamado Jeremiah Sand (Linus Roache). A segunda parte é um pesadelo completo em que o diretor demonstra grande habilidade em aterrorizar o espectador com uma atmosfera psicodelicamente diabólica. Estes dois atos são todos de Andrea Riseborough, a ótima atriz britânica que capricha em suas caracterizações desde que foi revelada por Madonna no mediano W/E (2011). Aqui a própria personagem é apresentada dentro de uma estranheza instigante e Andrea dá conta das cenas com maestria. Apesar de estar nos atos do crédito, Nicolas Cage assume o posto de protagonista somente na segunda metade do filme, depois que seu personagem passa por maus bocados e surta de vez para se vingar dos malfeitores. Nesta hora, Panos Cosmatos não tem medo de ser ridículo e o filme bebe com vontade em várias referências de filmes Z para baixo (a fotografia granulada não é usada por acaso). O resultado é grotesco, sangrento, bizarro e completamente insano (com direito até a duelo de serra elétrica). Não é o tipo de filme que costumo apreciar, mas há de se elogiar a forma despudorada como o roteiro explora um universo sórdido bastante particular e sem perder a densidade assustadora em duas horas de narrativa. 

Mandy - Sede de Vingança (Mandy / EUA - Bélgica - Reino Unido / 2018) de Panos Cosmatos com Nicolas Cage, Andrea Riseborough, Linus Roache e Ned Dennehy. ☻☻


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