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Jon e Charlie: renascendo pelo meio do caminho. |
Vamos lá, vou tentar entender o que se passa na cabeça dos executivos da Marvel. Não é novidade para ninguém que desde Vingadores: Ultimato (2019) o estúdio perdeu totalmente o rumo e o que era amarradinho num universo cinematográfico com dezenas de produções, se tornou totalmente irregular sem fios condutores e atirando para todos os lados. Se a saga do multiverso não alcançou o resultado esperado, pelo menos serviu para agregar artistas que já haviam acertado em personagens dos quadrinhos em produções bancadas por outros estúdios. Este é o caso de Charlie Fox, que encarnou o Demolidor como manda o figurino em três temporadas dignas de nota bancadas pela Netflix. A terceira era um verdadeiro deleite, mas estreou com a tristeza de ser a última da gigante do streaming e com um futuro incerto. Os fãs fizeram tanto barulho que a Marvel na Disney+ ouviram as preces ruidosas e testaram para ver se o personagem funcionaria no MCU. Ele recebeu uma pontinha em Homem Aranha Sem Volta Para Casa/2021, flertou com She Hulk/2022 e emprestou algum charme para Echo/2024 até finalmente ter sua série retomada após sete anos. Queriam fazer algo totalmente diferente, viram que era um esforço desnecessário. Retomaram alguns personagens, algumas tramas, inventaram outras e ... no fim das contas a temporada de Demolidor Born Again precisou passar por algumas refilmagens. Como era de se esperar o resultado é um tanto desconjuntado. Existem tramas em excesso para dar conta, personagens demais para dar atenção e ao chegar no último episódio a sensação é que nada foi trabalhado como deveria. Mais uma vez a Marvel deixa tudo em aberto em nome de uma promessa do que vem pela frente que pode nunca chegar como tantas outras que vimos nas últimas produções do estúdio. Existem tantas pontas soltas atualmente no MCU que nada mais cria expectativa. Nesta temporada, O Senhor do Crime (Vincent D'Onofrio) acaba de voltar ao batente e consegue ser eleito prefeito da cidade. Sua política é contra os justiceiros mascarados que combatem o crime (e portanto colocam em risco seus negócios clandestinos). Matt Murdock sofre um trauma no primeiro episódio e aposentou sua carreira de herói. Passou a investir mais na vida de advogado e conseguiu uma estabilidade nunca imaginada. Por conta disso, a série se dedica mais aos meandros da política e da justiça, mas conduz os episódios com muito falatório até os episódios finais. Tem ainda um vilão novo para enfrentar, um namoro com uma psicóloga para desenvolver, o retorno do Justiceiro (Joe Berthal) que pelo menos é tratado com dignidade enquanto dá até tristeza ver o desperdício de Wilson Bethel de escanteio como Mercenário durante a temporada. Dos nove episódios, salvamos o primeiro, o do banco e os dois últimos, mas Demolidor Born Again deixa um gostinho de decepção, já que fica muito abaixo das temporadas da Netflix, e mais ainda se levarmos em consideração a brilhante terceira temporada. Para fazer de conta que a pegada será a mesma tem aquelas cenas de violência e sanguinolência para tapear, mas precisam avisar para os produtores que não era sobre isso. Falta cadência, fluência, roteiro, atmosfera e tudo que tornou aquelas temporadas um marco para as séries de heróis. Que a próxima seja melhor.
Demolidor Born Again (EUA-2025) de Dario Scardapane, Matt Corman e Chris Ord com Charlie Cox, Vincent D'Onofrio, Margarita Levieva, Jon Bernthal, Wilson Bethel, Deborah Ann Woll, Kamar de los Reyes, Michael Gandolfini e Ayelet Zurer. ☻☻
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