sábado, 26 de abril de 2025

PL►Y: Um Completo Desconhecido

Chalamet: cinco anos de preparo para viver Bob Dylan.

Bob Dylan é um ícone não apenas da música, mas da arte em geral. Basta lembrar que ele é o único compositor a receber um Nobel de Literatura - e se você estranhou a informação, saiba que ele nem apareceu para receber o prêmio. Ele é uma dessas figuras tão enigmáticas que tudo colabora para que soe ainda mais genial. Suas composições atravessaram décadas e lidam diretamente com a história de seu país e do mundo em geral. Toda a importância de Dylan afetou diretamente toda a expectativa em torno do filme Um Completo Desconhecido e sua repercussão durante  temporada de ouro. O fato do filme ser dirigido por James Mangold também ajudou na expectativa. Mangold já fez de tudo em Hollywood, incluindo o filme sério do Wolverine, o Logan/2017 (que foi indicado ao Oscar de roteiro adaptado), mas a biopic de Dylan se relaciona mais com outro filme do diretor, Johnny & June (2005) sobre outro icônico, Johnny Cash em seu relacionamento com June Carter. Quem comprou o projeto e investiu muito de si no filme foi Thimothée Chalamet, que se preparou por cinco anos para encarnar Bob Dylan nos primórdios de sua carreira, aos dezenove aninhos ao chegar em Nova York em 1961. Mangold volta sua câmera para os nomes da música que eram cultuados naquele período, havendo uma espécie de passagem de bastão dos consagrados na música folk como Pete Seger (Edward Norton), Woody Guthrie (Scoot McNairy) e Johnny Cash (Boyd Holbrook) para novos nomes como Joan Baez (Monica Barbaro) e o próprio Dylan nos palcos de festivais. Chalamet consegue ser bastante convincente ao evocar a postura do cantor, seu jeito de falar e aquele olhar bastante característico. Além disso, consegue sustentar em seu corpo franzino de adolescente (embora o ator esteja prestes a completar trinta anos em dezembro próximo) o espírito contestador que tornou Dylan famoso. Chalamet foi indicado a todos os prêmios da temporada (ganhou o Prêmio do Sindicato dos Atores pela performance e foi indicado ao Oscar), Edward Norton também foi lembrado e o Oscar aclamou Monica Barbaro com uma indicação ao prêmio de Coadjuvante por sua irresistível Baez. O elenco do filme é realmente um triunfo e ajuda muito quando o filme se torna repetitivo em necessitar das músicas de Dylan para prender a atenção do espectador. Em alguns momentos a trama se perde, dando a impressão que se esquivar das grande polêmicas do período (como a guerra do Vietnã e aprofundar nos ideais de contracultura), o que deixa passagens ocas ao investir no incômodo da namorada de Bob (vivida por Elle Fanning) em ter que lidar com um triângulo amoroso. Se nas atuações e na parte musical o filme se garante, o mesmo pode se dizer da reconstituição de época que cria uma ambientação correta para os personagens. Faltou mesmo foi um tantinho de História, aquela com H maiúsculo mesmo, para evidenciar a inspiração do protagonista em narrar em suas canções um mundo em que estava mudando. Talvez por conta disso, o filme tenha concorrido a oito estatuetas no Oscar (filme, direção, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, som, roteiro adaptado e figurino) e não levou nada para a casa. 

Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown/EUA-2024) de James Mangold com Thimothée Chalamet, Edward Norton, Elle Fanning, Monica Barbaro, Scoor McNairy, Boyd Holbrook e David Alan Basche.

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