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Babak: um clássico do cinema iraniano. |
Pode se dizer que Onde Fica a Casa do Meu Amigo de Abbas Kiarostami desencadeou uma onda de interesse pelos filmes iranianos. Nos anos seguintes vários filmes feitos no país receberam destaque mundial e seu tornaram cults com suas histórias singelas e realistas executadas para abordar temáticas amplas sobre aquele país. É a ideia do micro, falando do macro. Durante todo o longa o que vemos é a inocência e a amizade de duas crianças em confronto com o mundo dos adultos em suas asperezas. É assim que acompanhamos a jornada de Ahmed (Babak Ahmadpoor), um menino que desde a primeira cena sofre ao ver o amigo levar uma bronca do severo professor por não ter usado o caderno para fazer a lição. Kiarostami parece nos colocar no meio da agitação daquela sala de aula e nos deixa aflitos diante da situação, compartilhamos assim a mesma indignação do pequeno protagonista naquele contato com aquela personificação da autoridade e da disciplina. Acontece que na saída da escola naquele dia, Ahmed leva o caderno do amigo para casa por engano e ficara angustiado para entregá-lo. Se a mãe considera que aquela história é só uma desculpa pra os dois brincarem o dia todo, o garoto irá partir em uma verdadeira odisseia para encontrar a casa do amigo e entregar o caderno a tempo dele fazer a lição para o dia seguinte. A cada pessoa que o menino encontra, a cada situação que enfrenta, o que vemos é uma espécie de um denso encontro de gerações. O filme segue carregado da tensão de Ahmed (valorizada ainda mais pelos olhos reluzentes do menino que o interpreta) e a certa altura ficamos aflitos não apenas sobre a entrega do bendito caderno, mas também sobre seu paradeiro e seu retorno para a casa. A ideia de construir uma espécie de suspense a partir dos dramas de seus personagens se tornou uma marca do cinema iraniano e um dos motivos para se tornar tão envolvente, mesmo que os acontecimentos aqui soem dispersos, a tensão permanece até o fim. Teóricos e críticos de cinemas consideraram esta a primeira parte de uma trilogia na cinematografia de Kiarostami, que ficou conhecida como Trilogia Koker (o nome do vilarejo em que a trama acontece). No filme seguinte (E A Vida Continua/1992) vemos a busca dos meninos protagonistas de Onde Fica a Casa do Meu Amigo sob o receio de terem falecido no terremoto que aconteceu em 1990 que vitimou 50.000 pessoas ao norte do Irã e Através das Oliveiras retoma uma cena do segundo filme para construir uma narrativa em destaque. Kiarostami se tornou um os diretores mais importantes do cinema desde então.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo (Khane-ye doust kodjast? / Irã - 1987) de Abas Kiarostami com Babak Ahmadpour, Ahmed Amadpour, Iran Outari, Khodabaksh Defai, Ayat Ansari e Teba Soleimani. ☻☻☻☻
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