Moura: o nascimento de um ícone do cinema nacional
Tendo em vista a estréia de Tropa de Elite 2 cinemas resolvi fazer esse comentário sobre um dos filmes nacionais mais apreciados pelo público brasileiro nos últimos anos. Mas vou logo dizendo que não sou um dos maiores fãs do longa de José Padilha. Tropa de Elite ganhou um marketing involuntário ao chegar aos camelôs em cópias piratas antes de sua edição final, o segundo filme não teve esse "problema" já que tudo foi vigiado com segurança redobrada. O que mais chamou o público foi a linguagem crua com que Capitão Nascimento (Wagner Moura numa atuação movida a torturas psicológicas) perseguia traficantes e policiais fanfarrões. Violento, agressivo e visualmente opressor o filme foi sucesso em todos os formatos em que o público podia apreciá-lo. Não bastasse o sucesso de bilheteria o filme ainda foi exibido envolto a polêmicas no Festival de Berlim onde foi chamado de fascista, mas o júri não estava nem aí e lhe deu o Urso de Ouro de melhor filme do festival. Foi justo? Provavelmente. Pra começar o filme de Padilha tenta se equilibrar numa linha muito fina, pois ao escolher não julgar os personagens, apenas apresentar os fatos, o filme ganha combustível para polêmicas ao mesmo tempo que proporciona ao público tirar suas próprias conclusões. A maior delas é que Capitão Nascimento é o herói de filme de ação que o cinema brasileiro precisava, capaz de criar identificação no seu conflito entre ser marido atencioso e um policial feroz do BOPE. Padilha ainda consegue imprimir um ritmo frenético ao roteiro do filme, o que em se tratando de filme de ação no Brasil não é fácil - acha fácil, então veja a ridiculariação que virou o recente Segurança Nacional com Thiago Lacerda. O filme é baseado no livro A Elite da Tropa e narra a visita do Papa João Paulo II ao Brasil na década de 1990 e as operações para que tudo ocorresse na mais santa paz. Apesar de arranhar algumas críticas sociais (o que é a "consciência social" de um traficante, a corrupção na policia, a classe média sustentando o tráfico...) elas perdem força na lei de olho por olho e dente por dente na história dos policiais que disputam a escolha de Nascimento para ser a Elite do BOPE. No fim das contas são pessoas de classe sociais muito próximas se matando por um sistema que não lhes dá a mínima. Vejo que Tropa de Elite faz parte de uma trindade sobre a situação da criminalidade no Brasil - os outros filmes são Cidade de Deus de Fernando Meirelles e Quase Dois Irmãos de Lúcia Murat - que independente da continuação de Tropa de Elite, tentam dar conta das atrocidades que o brasileiro se acostumou a ver nos telejornais
Tropa de Elite (Brasil/2007) de José Padilha com Wagner Moura, Milhem Cortaz, Maria Ribeiro e Caio Junqueira. ☻☻☻
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