Brühl e Hemsworth: rivalidade Hunt/Lauda no auge da Fórmula 1.
Não me surpreendi quando o último filme de Ron Howard não alcançou o sucesso esperado nas bilheterias brasileiras (nos EUA lucrou quase cinco vezes o valor de seu orçamento), afinal de contas, o universo da Fórmula 1 rende causa cada vez menos fascínio em nosso país. Rush é bem feito, mas merece atenção por contar uma das rivalidade mais famosas da história da competição, a rixa entre o britânico James Hunt (Chris Hemsworth) e o austríaco Nick Lauda (Daniel Brühl). Enquanto Hunt era farrista, agressivo e mulherengo, Lauda era concentrado, correto e esforçado para provar o seu valor. Essas personalidades opostas influencia na conquista de patrocínios e apelo perante a mídia para cada um dos esportistas, no entanto, enquanto Hunt tem problemas com o seu temperamento (seja na vida profissional ou amorosa, já que casa-se quase que repentinamente com uma bela modelo - vivida por Olivia Wilde), Lauda tem os olhos voltados para a carreira e para a esposa. Tratados como dois lados de uma mesma moeda, Howard demonstra aqui a mesma desenvoltura em viajar na atmosfera de um tempo e espaço bastante específico, assim como aconteceu no excepcional Frost/Nixon (2008). Hunt/Lauda tem a mesma reconstituição de época envolvente, narrativa tensa e ótima caracterização dos seus atores principais (sobretudo Daniel Brühl que foi indicado ao Globo de Ouro de coadjuvante e merecia ter sido lembrado no Oscar), afinal, ainda que capriche nas cenas de corrida, o filme precisa ser apreciado como um retrato de um período em que a Fórmula 1 estava no auge de sua popularidade, justamente no período em que seus praticantes entravam na pista sem a certeza de que conseguiriam terminar o circuito, afinal, os limites dos veículos eram testados a todo instante, colocando em risco a vida dos corredores. Foi numa das pistas mais perigosas do mundo que Lauda sofreu um acidente que ficaria marcado na história das corridas. Nesse ponto, cabe destacar que Lauda colaborou com a escrita de Peter Morgan para o filme, talvez por isso seu personagem tenha ficado tão rico de nuances - por mais que o texto tente aparentar os reflexos de uma educação europeia rígida em sua formação. Ainda que a atuação de Brühl seja mais interessante, Chris Hemsworth demonstra mais uma vez que pode interpretar papéis diferentes de Thor na telona. Embora o roteiro tenha algumas cenas que parecem criadas especialmente para o cinema (e você vai descobrir quais são), Ron Howard consegue construir um filme que vale a pena ser conferido, independente de você curtir Fórmula 1 ou não (vale lembtrar que Rush concorreu ao Globo de Ouro de melhor filme dramático de 2013).
Rush - No Limite da Emoção (EUA-Alemanha/2013) de Ron Howard com Chris Hemsworth, Daniel Brühl, Olivia Wilde e David Calder. ☻☻☻
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