Jurassic Park - Paque dos Dinossauros (1993)
Lembro quando fui numa excursão da escola ver Jurassic Park no cinema. Lembro que fomos no enorme cinema de Icaraí, um desses espaços com dois andares que nem existem mais. A sessão estava lotada e cada vez que o tiranossauro aparecia, ameaçador como ele só, eu morria de rir com a minha amiga Mara que berrava feito uma louca ao meu lado. Eu estava na oitava série e os professores insistiam em ressaltar o envolvimento do DNA e da clonagem com o que víamos na tela, o fato é que nós só lembrávamos da recriação mais impressionante de dinossauros que já vimos no cinema. Baseado no livro de Michael Crichton, Steven Spielberg mergulhava mais uma vez no campo da fantasia (pouco antes de ganhar vários Oscars com A Lista de Schindler, que foi lançado no mesmo ano) e deixava crianças e adultos pasmos com a qualidade dos efeitos especiais. Para além disso, tinha ainda o clima de suspense e horror diante de um zoológico de dinos que fazia seu criador pagar caro por brincar de Deus. John Hammond (Richard Attenborough) estava tão maravilhado com sua criação que não imaginou que quando algo desse errado, colocaria em risco a vida de seus netos (vividos por Joseph Mazzello e Ariana Richards) e dos convidados por ele para conhecer sua criação: o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum) e a dupla de paleontólogos Alan Grant (Sam Neil) & Ellie Sattler (Laura Dern) - e embora o roteiro deixe no ar uma tensão sexual entre os três, isso fica logo de lado quando uma pane no sistema coloca todos os personagens sob o risco de virar comida do Tiranossauro Rex. Spielberg utiliza aqui alguns recursos que já demonstrou dominar muito bem em Tubarão/1975 e Contatos Imediatos de Terceiro Grau/1977 , abusando do poder de sugestão ne de uma trilha sonora que aumenta a tensão. Muitos críticos torceram o nariz para o filme, considerando que trata-se apenas de uma brincadeira de gato e rato, onde os humanos figuram no desconfortável papel de ratos. Particularmente, não vejo problema nisso se a ideia consegue ser bem executada (e Spielberg esmera-se para agradar a plateia, tanto que escalou um bom elenco para não decepcionar). O filme fez tanto sucesso que a sequência, The Lost World: Jurassic Park (1997), era inevitável.
O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997)
Parecia não haver como dar errado. O novo livro de Michael Crichton parecia ter sido escrito para gerar um filme e, diante do sucesso do primeiro, Steven Spielberg topou fazer a continuação. Na nova história ambientada quatro anos após o fracasso do Parque Jurássico, John Hammond (Richard Attenbrorough escala novamente o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum) para retornar à famigerada ilha Nublar. Ele agora segue para ilha com a namorada Sarah Harding (Julianne Moore), com a filha Kelly (Vanessa Lee Chester), além de uma nova equipe disposta a estudar o crescimento dos dinossauros no local. No entanto, um outro grupo de visitantes tem outros planos em mente. Spielberg utiliza muito mais cenas com dinossauros, assim como oferece mais cenas de ação e violência. Os dinossauros estão mais agressivos, mas o roteiro ficou bem menos interessante, talvez pela sensação de que esse Mundo Perdido tem muita semelhança com King Kong (1933)! As críticas foram severas com Lost World, mas o filme fez sucesso. O problema é que decepcionado com a repercussão negativa do filme, Spielberg não demonstrou interesse em voltar à franquia que ajudou a criar. Ele já tinha seu cobiçado Oscar de direção na estante por A Lista de Schindler e ter Lost World como um passo seguinte não pareceu ser uma boa ideia. No mesmo ano ele ainda lançou o sério Amistad que foi praticamente ignorado no Oscar (sorte que no ano seguinte fez O Resgate do Soldado Ryan/1998 e foi lembrado pela Academia de novo). Com Spielberg fora da direção, dar corpo para o terceiro longa da franquia foi mais trabalhoso. A partir de um história simples, chegou aos cinemas Jurassic Park III (2001), com direção de Joe Johnston (que dez anos depois assinaria Capitão América: O Primeiro Vingador) o filme retoma o personagem do Dr. Alan Grant (Sam Neil) que colocou as experiências traumatizantes no Jurassic Park para trás. No entanto, um casal milionário (William H. Macy e Téa Leoni) o contrata para visitar a ilha Sorna, onde foram feitas parte das experiências com dinossauros desde o primeiro filme. Ele reluta, mas acaba aceitando - e descobre que o verdadeiro motivo para a visita é que o casal pretende resgatar o filho (Trevor Morgan) que ficou perdido por lá. Menos empolgante que os filmes anteriores, o longa tem o clima de matinê típico dos filmes de Johnston - o que não compromete a sessão, mas também não cria nada de novo dentro da franquia. Com o tom mais cômico, o filme não alcançou o sucesso dos filmes anteriores - e a franquia foi posta na geladeira por algum tempo.
Jurassic Park III (2001)
Em tempos onde os estúdios procuram cada vez mais franquias para lançarem nos cinemas, era mais do que evidente que lembrariam do sucesso de
Jurassic Park. Bastou um roteiro empolgar os produtores para que os dinos saíssem da gaveta. Como de costume, chamaram atores conhecidos para contracenar com os efeitos especiais. Chris Pratt foi o maior acerto no papel de Owen, um obstinado domador de velociraptors. Ele já havia demonstrado que tinha talento de sobra ao ser o centro das atenções em
Guardiões da Galáxia (2014), aqui, é praticamente quando ele aparece que a plateia se empolga com a narrativa. O ex-gordinho e agora sarado Pratt, torna-se responsável pelos momentos mais originais que
Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros oferece à franquia que andava um tanto desacreditada. Owen não tem interesse de lucrar com os dinos, também não está lá para caçá-los, sendo um personagem que percebe os dinossauros como animais e, portanto, merecem ser tratados com respeito - afina, o mundo que os recriou, não faz a mínima ideia de como lidar com eles. O projeto do Parque dos Dinossauros foi retomado e agora rebatizado de
Jurassic World, um grande parque temático que funciona com base na exposição periódica de novas espécies criadas por engenharia genética. O diretor Colin Trevorrow veio do cinema indie (lançou
Sem Segurança Nenhuma/2012 e seu segundo filme já é uma superprodução), Colin consegue cumprir o desafio de fortalecer a relação entre os personagens em meio às cenas de ação, nos fazendo até esquecer por alguns instantes que o roteiro segue o manual do primeiro filme obedientemente - afinal inclui duas crianças que são parentes de uma responsável pelo parque (a ambiciosa Claire vivida por Bryce Dallas Howard - além de existir uma tensão sexual entre Claire e Owen), existem os ambiciosos que não medem esforços para lucrar com os dinos (papéis de Vincent D'Onofrio e Irrfan Khan) e um dinossauro mais ameaçador que todos os outros (no caso, até mais do que o Tiranossauro). A grande diferença é que neste o
Parque dos Dinossauros finalmente está aberto, recebendo visitantes e repleto de atrações - que irão representar um grande risco quando o homem perceber que não tem o controle imaginado sobre suas experiências. Existem criaturas atacando pela terra, pela água e pelo ar, além de cenas de ação realmente empolgantes (como a do carro esférico, o ataque de pterodáctilos e o duelo final). Porém, a relação mais comovente do filme fica por conta de Owen com seus bichos de estimação. Ao que parece, a saga jurássica encontrou um novo rumo.
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015)
Jurassic Park - Parque dos Dinossauros (Jurassic Park - EUA/1993) de Steven Spielberg com Sam Neil, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough, Ariana Richards e Joseph Mazello. ☻☻☻☻
O Mundo Perdido - Jurassic Park (Lost World: Jurassic Park - EUA/1997) de Steven Spielberg com Jeff Goldblum, Julianne Moore, Pete Postlethwaite e Vince Vaughn. ☻☻
Jurassic Park III (EUA/2001) de Joe Johnston com Sam Neil, Willam H. Macy, Téa Leoni e Alessandro Nivola. ☻☻
Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World - EUA/2015) de Colin Trevorrow com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Vincent D'Onofrio, Omar Sy e Irrfan Khan. ☻☻☻