sábado, 2 de abril de 2016

DVD: Pequeno Dicionário Amoroso 1 e 2

Andrea e Daniel: Luiza e Gabriel muito tempo depois...

Nem parece que faz vinte anos que Pequeno Dicionário Amoroso chegou aos cinemas. O filme começou a aparecer em festivais em 1996 e em janeiro de 1997 ganhou as salas de  cinema, tornando-se um sucesso entre os filmes do verão carioca. Era uma fase complicada, onde o cinema brasileiro ainda lutava para voltar à cena, às duras penas - e o filme conseguiu mais de 400.000 espectadores no meio da retomada. O filme de Sandra Werneck alcançou sucesso por ter uma linguagem simples, bem humorada e que conseguia se comunicar com a plateia a partir da história de amor entre Luiza (Andréa Beltrão) e Gabriel (Daniel Dantas), um casal comum que se encontra e vive um romance pontuado por verbetes, como se fosse um dicionário: atração, coincidência, felicidade, idílio, pesadelo... cada palavra dá título a um episódio da história do casal. Além disso, o filme conta com personagens que falam para a câmera,  diretamente com o espectador, como se estivessem numa entrevista. O efeito funciona para realçar tudo o que o roteiro tem de irônico e até sarcástico com a vida amorosa da dupla - com o auxílio estatístico da amiga Marta (Monica Torres) e os comentários animalescos do amigo Barata (Tony Ramos), que ajudam a enriquecer a história do casal, principalmente quando todo o entusiasmo começa a virar rotina e entediar os protagonistas. O filme de Sandra Werneck tem belas locações e transpira frescor, conseguindo até fazer o espectador mergulhar no tédio quando o mesmo acontece na tela - sabe aquele ponto da relação onde o que era bom parece ter ficado no passado? Pois é, neste ponto o filme precisa terminar. Quando Sandra anunciou que faria a continuação do seu sucesso, os fãs ficaram muito felizes com a possibilidade de reencontrar Luiza a e Gabriel após duas décadas. Porém, quando o filme estreou, mostrou-se uma grande decepção. Pequeno Dicionário Amoroso 2 é um desastre! Para começar, toda a estética do filme foi reduzida às verbetes, que são apresentados meio de qualquer jeito, sem o rendimento do filme anterior. Além disso, não há comentários de Luiza e Gabriel sobre o que sentem ao se reencontrarem depois de tanto tempo, assim como os dois personagens aparecem bem menos interessantes do que antes. Visivelmente envelhecidos e tristes, o filme não consegue gerar o humor cheio de ironias do primeiro. Sem Monica Torres e Tony Ramos para ajudar, o filme conta com Glória Pires repetindo o papel da ex-mulher de Gabriel. Glória se esforça para trazer alguma graça para o filme, mas o roteiro não ajuda. Desanimada, a história apela até para uma subtrama com a filha de Gabriel, Alice (Fernanda Vasconcellos), jovem bissexual que fica dividida entre a namorada e um rapaz que acaba de conhecer. O que poderia ser um toque atualizado na história mostra-se tão mal resolvido como todo o resto, já que o texto de Werneck, Rita Toledo e Paulo Halm (não acredito que três pessoas se juntaram para escrever isso!!!) tem uma pressa de resolver as situações que deixa tudo apressado e superficial. Assim, cabe à Alice algumas cenas picantes ocas (que não servem para nada) enquanto Gabriel e Alice vivem sua crise existencial amorosa desinteressante. Pequeno Dicionário Amoroso 2 não consegue emocionar ou ser engraçado, não acrescenta em nada à história do primeiro filme e abusa de clichês e estereótipos em personagens mal desenvolvidos.  O que poderia ser uma gostosa brincadeira com as comédias românticas (assim como foi o primeiro), termina com o gosto amargo de ser uma deprimente perda de tempo. Não por acaso, pouco mais de oito mil pessoas foram ver o filme nos cinemas. A impressão é que até a diretora perdeu o interesse no filme que a consagrou na década de 1990. 

Daniel e Andrea: brincadeira com os vícios das comédias Românticas em 1997.


Pequeno Dicionário Amoroso (Brasil/1997) de Sandra Werneck com Andréa Beltrão, Daniel Dantas, Tony Ramos, Monica Torres e Glória Pires. ☻☻☻

Pequeno Dicionário Amoroso 2 (Brasil/2015) de Sandra Werneck com Andrea Beltrão, Daniel Dantas, Fernanda Vasconcellos, Renato Góes, Camila Amado e Marcello Airoldi.

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