Jake: nocauteado por um acidente do destino.
Jake Gyllenhaal nasceu em 1980 em uma família totalmente envolvida com cinema. Sua mãe é a produtora e roteirista Naomi Foner (que tem em seu currículo o famigerado As Violetas São Azuis/1986), seu pai é o diretor Stephen Gyllenhaal (um dos nomes mais requisitados para dirigir séries - ele já assinou episódios de Felicity, Numb3rs, The Mentalist, Rectify...) e a madrinha é a famosa Jamie Lee Curtis. Num ambiente desses, dificilmente o pequeno Jacob Benjamin Gyllenhaal não se interessaria pelo trabalho na tela - assim como a irmã, Maggie. Jake atua desde os onze anos, mas chamou a atenção somente com o sucesso cult Donnie Darko/2001 e a primeira indicação ao Oscar veio em 2005 como um dos cowboys homoafetivos de O Segredo de Brokeback Mountain/2005. Depois de aparecer em superproduções, ele resolveu dedicar-se a valorizar seu currículo com personagens mais desafiadores. Foi assim com O Homem Duplicado/2013 , O Abutre/ 2013 (que quase lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator) e, mais recentemente, com este Nocaute. Se o ator havia perdido 14 quilos para dar o aspecto doentio de seu personagem em O Abutre, aqui ele ganha massa muscular para convencer como um lutador de boxe de peso médio. Antes do filme estrear houve uma campanha forte para o ator ser lembrado na temporada de prêmios, mas depois que o filme chegou aos cinemas suas chances diminuíram consideravelmente. Sua atuação está longe de ser ruim, mas o problema está no roteiro que lhe ofereceram. Ao contrário de outros filmes sobre lutadores, o longa de Antoine Fuqua, tenta ser diferente ao optar por não concentrar-se na ascensão do protagonista, mas em sua decadência profissional e pessoal. Billy Hope (Jake) tem uma história de grande superação, filho de uma presidiária e criado num abrigo, ele ganhou fama como campeão dos ringues. Casado com a dedicada Maureen (Rachel McAdams) e pai da pequena Leila (Oona Laurence), sua vida vira do avesso quando é desafiado pelo grosseiro Miguel Escobar (Miguel Gomez). Depois que o adversário lhe propõe o desafio, o roteiro coloca o seu herói sob duras provações. Ele perde a esposa, perde nos ringues, quebra contratos, vai à falência e perde a guarda da filha em poucos meses. Se a graça é ver se Billy consegue superar seus tormentos e voltar ao ponto de equilíbrio, o roteiro dificulta as coisas ao apresentar tudo rápido demais, num conjunto de martírios que parecem um tanto forçados e abruptos se levarmos em consideração que o rapaz era aclamado por estar invicto em dezenas de lutas até uma tragédia acontecer. Talvez o maior problema seja a mão do diretor, já que Fuqua (que rendeu o Oscar de melhor ator para Denzel Washington em Dia de Treinamento/2001) carece de sutileza em suas narrativas, oscilando entre o bruto e o melodrama. No entanto, o diretor conta com um ótimo elenco que consegue imprimir dignidade aos personagens. Gyllenhaal tem ótimos momentos, especialmente quando está em cena com a pequena Oona Laurence. Rachel tem presença marcante, Forrest Whitaker tem seu melhor momento em muito tempo e até o rapper 50 Cent Curtis Jackson está bem em cena como o empresário escorregadio de Billy Hope. Nocaute pode não ficar entre os melhores filmes do gênero, mas pelo menos conta com boas atuações (e pode ficar tranquilo Jake, em breve o tio Oscar lembra novamente de você).
Nocaute (Southpaw/EUA-2015) de Antoine Fuqua com Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Forrest Whitaker, Oona Laurence e Curtis '50Cent' Jackson. ☻☻
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