Rossi: uma sementinha no imaginário da Warner.
Tudo começou com um trailer feito por fãs sobre a origem daquele que não se pode dizer o nome. O vídeo fez muito sucesso na internet e, com os milhares de fãs ao redor do mundo embarcando na ideia, os criadores do tal trailer pediram à Warner Bross os direitos para filmarem a história de Voldemort antes dele ser o lorde das trevas (e sem nariz) que atazanava a vida do bruxinho Harry Potter. Curiosamente a Warner cedeu ao pedido e permitiu que o filme fosse realizado, desde que não houvesse interesse comercial e fosse disponibilizado online. Com o sinal verde, o diretor e roteirista novato Gianmaria Pezzato seguiu em frente em seu fanfilm e ele foi lançado recentemente no Youtube. Na época do trailer eu não havia me dado conta de que se tratava de uma produção italiana, aspecto que foi o que mais me chamou atenção logo nos créditos iniciais pelos sobrenomes dos envolvidos. Quando o filme começa, fica evidente o esmero de Pezzato de seguir a cartilha dos últimos filmes baseados na obra de J. K. Rowling, utilizando uma fotografia sombria, assim como os figurinos e cenários similares ao dos filmes originais. O roteiro utiliza alguns aspectos do mundo criado por Rowling para dar forma às primeiras malvadezas de Tom Marvolo Ridle (Stefano Rossi), jovem bruxo promissor de Hogwarts. Contado a maior parte do tempo em flashback, a história é amparada pela narrativa de Grisha (Maddalena Orcali) que é presa por uma ordem de bruxos na Rússia ao tentar recuperar o diário do jovem Ridle vários anos após o desaparecimento dele. No interrogatório que se segue, Grisha conta como era seu relacionamento com o rapaz, destaca o fato de que faziam parte de um grupo de amigos herdeiros de famílias importantes dentro da bruxaria, além de esclarecer os primeiros crimes de Ridle. Ainda que seja um filme feito por fã, Voldemort - A Origem do Herdeiro tem aspectos que são bem cuidados. É verdade que possui um roteiro que poderia ser menos confuso nas várias informações que lança para o espectador (mas isto também tem ligação com a curta duração vinculada ao orçamento restrito vindo de financiamento coletivo), mas ainda assim, ele sustenta o interesse do espectador. O que mais me incomodou foi o uso exagerado da trilha sonora e os sucessivos closes nos olhos dos atores. Como filme de estreia, Pezzato faz melhor que alguns velhos conhecidos de Hollywood e consegue conduzir bons momentos - especialmente de Stefano Rossi, que vive Tom Ridle (várias vezes seu rosto me pareceu familiar, mas depois me dei conta que o confundi com o americano Scott Foley quando era jovem). Li alguns críticos reclamando que as atuações do filme são bem fracas, mas não chega a tanto (alguns atores exageram em cena mas nada demais), acho que o maior problema foi a dublagem do vídeo disponibilizado na Internet. Os fanáticos irão apontar algumas falhas na história (escrita nas entrelinhas de Harry Potter e o Príncipe Mestiço), mas o filme está longe de ser vergonhoso, pelo contrário, deve ter plantado uma sementinha na Warner das possibilidades que eles possuem para ampliar o universo de Harry Potter e ainda deve servir de carta de apresentação para alguns dos envolvidos neste projeto feito de fã para fã. Ou seja, merece um ponto extra pela iniciativa de Gianmaria Pezzato.
Voldemort: A Origem do Herdeiro (Voldemort: The Origin of the Heir/Itália-2018) de Gianmaria Pezzato com Stefano Rossi, Maddalena Orcali, Rorie Stockton, Davide Ellena, Andreas Baglio e Aurora Moroni. ☻☻☻
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