domingo, 7 de janeiro de 2018

PL►Y: Castelo de Vidro

Brie: crescimento complicado. 

Muita gente conheceu a atriz Brie Larson com o premiado O Quarto de Jack (2015) que lhe rendeu dezenas de prêmios, incluindo o Oscar e o Globo de Ouro por seu trabalho. No entanto, o talento de Brie foi bem lapidado até a fama, atuando desde os onze anos de idade a atriz demonstrou ter se tornado atriz digna de atenção ao longo do tempo, especialmente após o seu trabalho em Temporário 12 (2013), filme que a colocou no radar de premiações indies e levou à amizade com o diretor Destin Daniel Cretton. É interessante vê-los trabalhar juntos novamente num projeto ambicioso e que foi cercado de muita expectativa por se tratar de um longa baseado na autobiografia da jornalista Jeannette Walls, onde ela exorciza seu relacionamento complicado com o pai e a infância pobre. Brie interpreta a própria Jeannette adulta, com roupas caras, penteados elaborados e jóias (a própria imagem da personagem destoa da que temos de Brie). Ainda que demonstre ter uma vida confortável ao lado do noivo, aos poucos o filme revela que a vida daquela mulher não foi fácil, ela ao lado de seus três irmãos precisaram lidar com um lar instável capitaneado por uma mãe aspirante à pintora e um pai que era "contra o sistema" e tinha atitudes agressivas com todos da família. Além das privações, Jeannette sofreu queimaduras graves quando pequena, quase foi afogada pelo pai em uma piscina e teve que presenciar uma briga entre o pai e o noivo entre outras desventuras (como ver a mãe quase cair de uma janela ou o irmão sofrer abusos de uma mulher mais velha). A coisa realmente não era fácil. O curioso nisto tudo é que o diretor ousa carregar na doçura deste lar caótico, alternando momentos de conflito e outros onde o afeto estava presente apesar de tudo. O problema é que esta opção torna Castelo de Vidro um filme estranho, quase contraditório por humanizar a figura do casal negligente formado por Naomi Watts e Woody Harrelson. Se Naomi faz o que pode com sua mãe unidimensional, Woody faz do pai um personagem bastante instigante e rouba a cena durante todo o filme, muitas vezes inspirando temor e afeição numa mesma cena.  Cretton não busca justificativas para as atitudes dele, concentrando-se nos sentimentos antagônicos que sua protagonista nutre pelo pai, um misto de carinho, medo e gratidão que torna uma história difícil repleta de sentimentos complicados num clássico da sessão da tarde. A reconstituição de época e a trilha sonora dão à produção atmosfera que é a cara dos anos 1980 e ainda que não tenha feito o sucesso esperado, o resultado garantiu admiradores para um filme que nas mãos de qualquer outro diretor viraria um dramalhão insuportável. Sorte que Cretton não é um diretor qualquer e emociona de verdade ao apresentar aquelas pessoas reais nos últimos momentos do filme. 

O Castelo de Vidro (The Glass Castle/EUA-2017) de Destin Daniel Cretton com Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts, Max Greenfield, Ella Anderson e Iain Armitage. ☻☻

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