segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Na Tela: Bumblebee

Haille e Bee: química que faz a diferença. 

Como a maioria dos garotos dos anos 1980 eu era fã dos Transformers. Tinha brinquedos, gibis e não perdia um episódio do desenho que passava nas manhãs da Globo. Quando os personagens ganharam a tela de cinema, eu fiquei até empolgado com o primeiro filme dirigido por Michael Bay. É verdade que tinha alguns exageros em sua transição para os filmes de ação do século XXI, os personagens não tinham a mesma personalidade de um desenho para crianças (e isso não é um elogio), mas a ideia era que nas sequências a coisa melhorasse. Não foi bem assim. A franquia acabou virando uma verdadeira confusão com robôs gigantes lutando a maior parte do tempo e destruindo tudo o que viam pela frente.  Por conta disso, no segundo filme eu desisti das aventuras no cinema e Transformers entrou para o mesmo grupo de G.I. Joe (outra grande decepção para os cinéfilos que foram meninos dos anos 1980): personagens que deveriam ficar só no desenho. Com o quinto episódio (intitulado O Primeiro Cavaleiro/2017) arrecadando bem menos do que o esperado, o sinal de alerta soou e os produtores resolveram repaginar a franquia. Para isso, apelaram para um dos personagens mais carismáticos da série, o amarelo Bumblebee. Sai o estilo megalomaníaco de Bay e entra o tom espirituoso de Travis Knight. Knight ficou famoso com o sucesso estiloso de Kubo e As Cordas Mágicas (2016), Bumblebee é apenas o seu segundo filme na direção, sendo o primeiro a filmar com atores de carne e osso. Sua escolha demonstra ser um acerto, já que ele consegue desenvolver bem a química entre um personagem criado por computador e uma adolescente. O filme começa apresentando a fuga do planeta Cybertron e o papel importante de B-127 (nome verdadeiro do personagem título) no plano do líder Optimus Prime na fuga para a Terra. Chegando à Terra o robô já percebe que é perseguido por seus oponentes e acaba tendo seu mecanismo de fala danificado antes de se transformar em um fusca (e que rende um dos seus aspectos mais charmosos com o uso de músicas). É nesta forma que ele será descoberto pela adolescente Charlie (Hailee Steinfeld) nos anos 1980, que irá repará-lo e viver aventuras nunca imaginadas ao descobrir que seu primeiro carro é mais especial do que ela pensava. Embora tenha bastante cenas de ação, Bumblebee funciona bem como uma comédia despretensiosa com as trapalhadas de seu protagonista cibernético, mas para o preço do o roteiro não trazer nada demais. Os dramas de Charlie já foram vistos antes em dezenas de filmes e o plano dos vilões Decepticons só funciona mesmo por total incompetência das autoridades que aparecem no filme. É um filme fácil de se assistir e até de gostar, serve para colocar os filmes dos Transformers novamente com o coração pulsando em meio à lataria e agregar novos fãs (principalmente os miúdos). Os críticos se renderam ao filme pelo seu tom nostálgico e colorido com ótima trilha sonora (destaque para The Smiths na trilha), além da simpatia de Hailee Steinfeld que demonstra ser uma das jovens atrizes mais descoladas de Hollywood... mas em termos de cinema, não chega a ser mais do que um passatempo para este fim de ano. 

Bumblebee (EUA-2018) de Travis Knight com Hailee Steinfeld, Jorge Lendeborg Jr, John Cena, Jason Druker, Pamela Adlon, Stephen Schneider, Ricardo Hoyos e John Ortiz. ☻☻☻

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