terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CATÁLOGO: Tolerância Zero

Gosling: polêmicas e atuação promissora

Recentemente indicado para o Globo de Ouro de ator dramático pelo filme Blue Valentine, o canadense Ryan Gosling chamou a atenção da crítica pela primeira vez com sua atuação em Tolerância Zero (2001). No polêmico filme de Henry Bean sobre um estudante da escola judaica de Nova York que se torna um anti-semita ele ganhou o Independent Spirit de melhor ator daquele ano. Essa relação paradoxal ganha carne e osso na atuação de Gosling no papel de protagonista. O ex-participante do Clube do Mickey (ao lado de Justin Timberlake, Britney Spears e Christina Aguilera) é Danny Balint (Gosling), um jovem complexo que possui teorias sobre os judeus, sobre o holocausto e o nazismo que vão contra o bom senso, mas esse é apenas o ponto de partida para uma atuação de várias camadas. Após conhecer um grupo fascista (liderado por Billy Zane e Thereza Russel) ele percebe que pode sair do discurso e partir para a ação, ou seja, assume suas conotações neonazista de forma despudorada. O problema é quando ele passa a fazer parte de um grupo de conotações terroristas nazistas e sua identidade judaica passa a ser descoberta. Nesse momento o roteiro alcança seu melhor momento ao fazer brotar dessa repulsa de Balint o próprio retorno às suas origens familiares. O ponto de mutação do personagem é ser ouvinte num grupo de sobreviventes do holocausto. As memórias revividas ali irão infectá-lo como um fantasma – mesmo que o diretor utilize esse recurso da forma mais óbvia no decorrer da sessão. Fora essa relação com o grupo, Balint ainda engata um romance com uma jovem de fortes tendências masoquistas e a origem de sua raiva começa a ser cada vez mais exposta: um sentimento de culpa o qual rejeita - ao mesmo tempo que esta o devora. O filme de estréia de Henry Bean tem alguns problemas e por vezes apela para o sensacionalismo (o beijo com gosto de vômito, as vestes judaicas em Balint quando está prestes a matar um ícone judeu...) e o final apela para a saída mais óbvia, mas talvez a mais correta devido às conotações religiosas que o filme apresenta. O importante foi que o filme serviu de material para Gosling entrar no grupo de atores mais promisssores de Hollywood, aspecto que só cresceu quando encarnou o herói romântico de Diário de uma Paixão (2004) e o professor viciado em crack de Half Nelson (2006) – que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar.

Tolerância Zero (The Believer/EUA-2001) de Henry Bean com Ryan Gosling, Rainn Phoenix, Thereza Russel e Billy Zane. ☻☻☻

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