Joseph Gordon-Levitt: Atuação convincente rumo ao estrelato.
O Vigia é um desses filmes que a Miramax realizava com a intenção de arrecadar alguns milhões de dólares para bancar seus filmes mais "artísticos". O filme acabou fazendo algum sucesso nos cinemas americanos, recebeu boas críticas, mas nada que garantisse uma vaguinha no circuito tupiniquim, sendo assim, acabou sendo lançado direto em vídeo sem grande repercussão. O filme é a estréia na direção de Scott Frank, roteirista de Minority Report (2002) do Spielberg, como não sou grande admirador desse filme o que me chamou a atenção mesmo é o fato dele ser estrelado por Joseph Gordon-Levitt pouco antes dele topar ser o protagonista de 500 dias com ela (2009) e se tonrar uma das apostas de Hollywood atualmente. Ex-ator mirim, Gordon sabe realmente se comportar diante de uma câmera e conhecendo suas atuações posteriores (incluindo A Origem/2010), torna-se ainda mais notável como consegue expressar as problemáticas de seu personagem debaixo de um rosto que beira a apatia. Gordon é Chris Pratt, um rapaz de futuro brilhante que acaba mudando o rumo de sua vida após um acidente. Após graves seqüelas cerebrais o rapaz enfrenta problemas de memória, de comunicação e de coordenação motora que limitam sua convivência social a um grupo restrito de pessoas - no caso o amigo cego (Jeff Daniels) com qual divide o apartamento, uma espécie de assistente social (Carla Gugino) e um policial (Sergio Dizio) - e ao trabalho de vigia no noturno num banco rural. Frank se esforça em mostrar como a repetição da rotina de seu personagem torna-se pior diante das dificuldades que vivencia. Mas Chris encontra um homem (Matthew Goode, antes de seus personagens GLS em Watchmen e Direito de Amar em 2009) que diz ser ex-namorado de sua irmã. Não precisa ser muito esperto para perceber que tudo faz parte de um golpe, mas é interessante como a inserção do protagonista num novo grupo de pessoas é suficiente para modificar seu olhar sobre a vida - colabora para isso o relacionamento que possui com Luvlee (Isla Fischer, eficiente como sempre). A partir dessas novas amizades tudo se amplia negativamente na percepção de Chris Pratt, o conflito com o pai, a colaboração do policial que lhe leva lanche durante a noite, as piadas do amigo cego, a situação no trabalho e ele acaba colaborando no plano de seu novo amigo: roubar o banco em que trabalha. Claro que o roteiro vai preparando o terreno para uma virada calcada no arrependimento do protagonista e Scott Frank tem a sabedoria de caprichar no suspense diante dos acontecimentos que seguem o rumo de um filme convencional. O diretor ainda tem o bom senso de não desviar a atenção do público para outros acontecimentos (tanto que ao final da sessão não retoma o romance mentiroso que se anunciava) e esta é uma das qualidades do filme: possuir uma narrativa simples, seca e tensa na medida certa. Por isso mesmo a atuação de Joseph Gordon-Levitt é tão importante. Sua expressão apática, os movimentos lentos e limitados são elementos fundamentais para que o filme funcione a partir da identificação do público com um personagem que poderia ser facilmente rabugento. Levitt transforma seu Chris Pratt fundamentalmente num jovem que está preso à culpa e às privações provocadas por uma tragédia pessoal.
O Vigia (The Lookout/EUA-2007) de Scott Frank com Joseph Gordon-Levitt, Jeff Daniels, Mathew Goode, Isla Fischer e Carla Gugino. ☻☻☻
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