Brody e Tierney: perdendo o fôlego num roteiro mal escrito.
Adrien Brody foi o mais jovem a ganhar o Oscar de melhor ator (29 anos), o feito foi conquistado em 2003 pelo excelente O Pianista de Roman Polanski. Apesar de ter trabalhado com diretores badalados depois do prêmio (Peter Jackson, M. Night Shyamalan e Wes Anderson) a maioria de seus filmes permanece se concentrando no mercado independente e - apesar de estar no novo filme de Woody Allen - sua carreira permanece seguindo um linha reta sem grandes surpresas ou desafios como ator. Dia desses vi um de seus primeiros filmes a chegar por aqui, o thriller 24 Horas para Morrer, um nome bem mais elaborado para o que os EUA preferiu chamar de Oxygen. Ironicamente falta fôlego à empreitada. Ainda que seja curioso ver Brody posando de vilão o filme não passa de um amontoado de clichês e reviravoltas desprovidas de sentido. Brody interpreta (pois é, apesar de toda ruindade do filme o cara já era bom ator) um sequestrador, que enterra viva a esposa de um ricaço local e se não lhe darem a quantia exigida não dirá onde ela se encontra. Por esse ponto de partida já se sabe que o marido não pode pedir ajuda aos policiais - mesmo assim ele pedirá e como essa parte da entrega do dinheiro é logo no início sabemos que tudo vai dar errado até o final previsível. O mais engraçado é a tentativa do roteirista transformar o filme numa coisa mais psicológica ao forçar uma identificação entre o bandido e a policial que o persegue. Como o texto não ajuda a coisa não melhora com a escolha da marrenta Maura Tierney para o papel feminino de destaque. Maura está péssima e chega a dar pena a sua incompetência em lidar com os conflitos de sua personagem que não quer "ser perfeita" e trai o marido (que por acaso é seu chefe) com um amante esquisito (Peter Coyote) que lhe deixa marcas de cigarro pelo corpo. Para completar ela ainda passou por problemas com bebida - talvez por isso a atriz tenha passado boa parte do filme com cara de ressaca. Ver Maura e Brody se revirando com um roteiro de situações batidas e mal escritas chega a ser uma ofensa - e as cenas de perseguição sonolentas não empolgam nem zumbis. E a estranha sensação de que está faltando cenas na trama? Foi só eu ou mais alguém percebeu vestígios de um relacionamento entre Brody e seu comparsa? Existem ainda outras situações que o roteiro joga e logo abandona para evitar maiores polêmicas. É muita ingenuidade pensar que acompanhamos o filme só para saber se a tal madame será encontrada com vida (apesar dela ser vivida por Laila Robins, que em poucos minutos rouba a cena) é está ideia simplista de cinema o que mais prejudica o filme. Lá pelas tantas só esperamos que em meio ao desatre geral o final seja convincente. O problema é que até chegar nele o filme da uma guinada pior atrás da outra. Ou seja, se ver este filme mofando numa prateleira de locadora ou numa reprise televisiva é melhor escolher qualquer outra coisa para ver. Sorte que depois do Oscar, Brody pode passar por roteiros menos humilhantes para pagar suas contas, já Maura Tierney desistiu de se esforçar para mostrar que pode ser estrela de cinema.
24 Horas para Morrer (Oxygen/EUA-1999) de com Adrien Brody, Maura Tierney e James Naughton. #
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