terça-feira, 12 de abril de 2011

DVD: Comer, Rezar, Amar


Javier & Julia: Talentos demais numa trama de menos.

Eu nem sei por onde começar a escrever sobre Comer, Rezar, Amar. Vou começar do começo, trata-se da adaptação do best seller da escritora Liz Gilbert, que após a crise pós-divórcio resolveu viajar e se recuperar dos altos e baixos do relacionamento. Sendo assim foi para a Itália desfrutar das belas paisagens e das massas, depois à Índia para encontrar a paz espiritual e depois foi para Indonésia encontrar com um guru e de quebra conhecer um brasileiro que poderia fazer acreditar novamente no amor. A mulherada caiu de amores pela obra e sua transformação em longa metragem era inevitável. O filme foi feito no capricho escalaram Julia Roberts para protagonizar, o criador de seriados (ousados como Glee e Nip/Tuck) Ryan Murphy para dirigir. Pediram aos indicados ao Oscar James Franco, Viola Davis, Richard Jenkins, além do (oscarizado) espanhol Javier Bardem e Billy Crudup para dar apoio ao elenco. Mas no fundo, apesar de tantos talentos, bela fotografia, locações deslumbrantes e roteiro simpático o filme é vazio. Não sei se é culpa do livro ou no meio do caminho esqueceram de perceber se no fundo queriam contar a história de uma mulher que precisa aprender que não são as coisas que conferem sentido à sua vida, mas sim, que sua vida dá sentido às coisas. Deu para entender? Vou tentar ser menos filosófico. Após o divórcio, a escritora Elizabeth Gilbert (Julia Roberts) acaba se envolvendo com um jovem ator (Franco) que adaptou sua obra para uma peça de teatro-cabeça. Talvez por perceber que ele capta a essência de seu livro (e portanto estaria apto a captar seus anseios) acaba engatando um romance com ele. Logo as diferenças começam a surgir e apresentá-la às delícias da meditação não são suficientes para segurar a relação. Ela acaba viajando para lidar melhor com seus problemas. Na Itália parece se libertar da culpa de saborear uma bela macarronada e várias fatias de pizza – o que a ajuda a lidar com o fato de que os homens não se importam tanto assim com um pneuzinho, ou até dois. Depois vai para Índia atrás de um equilíbrio interior que acredita ser alimentado por uma sala de meditação ou uma guru mundialmente famosa. Nesse momento começa a perceber que boa parte dos problemas que percebe em sua vida não passa de xiliques, principalmente ao conhecer Richard (Jenkins). Quando acha que finalmente encontrou seu equilíbrio ela parte para Indonésia atrás de um guru conhecido e encontra uma nova chance de amar. Para nós brasileiros a coisa fica meio esquisita quando vemos o espanhol Javier Bardem num português sofrível, mas o cara é bom ator em qualquer idioma. Sem querer desmerecer a atuação de Julia Roberts (que mais uma vez encarna uma personagem de best seller atrás de uma indicação ao Oscar) ela não consegue disfarçar o quanto sua personagem tem problemas sérios em lidar consigo mesma, especialmente quando ama. Essa insegurança em lidar com as emoções quase esgotam suas chances de ser feliz até o que se anuncia. No fim da sessão sobra pouco para lembrar além da embalagem do filme (belas locações, fotografia e trilha sonora caprichadas) - eu, por exemplo,  só lembro daquela pizza saboreada pela personagem. É um romance aguado com açúcar, mas talvez seja isso mesmo que as pessoas procuram ao assisti-lo, mas sinceramente, uma ficha técnica dessas merecia muito mais. Sorte mesmo teve Javier, que se tornou amigo de Julia, que acabou realizando um jantar para conseguir uma vaga para o espanhol na categoria de Melhor Ator no Oscar deste ano. Mas isso já é outra história...

Comer, Rezar, Amar (Eat Pray Love/EUA-2010) de Ryan Murphy com Julia Roberts, Javier Bardem, Viola Davis, James Franco, Billy Crudup e Sophie Thompson. ☻☻ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário