Ainda em clima de ressaca de Oscar, não foi desta vez que Glenn Close realmente ganhou o seu reconhecimento pela Academia. Indicada pela sexta vez ao prêmio (sua primeira indicação fora da década de 1980) a atriz não ganhou sua estatueta por Albert Nobbs. Ao longo dos anos a Academia tem deixado de premiar atores que ajudam a elevar o status das produções do cinema americano, obviamente que existem diversos fatores para isso - e sempre existirão os prêmios especiais para os equecidos ao longo dos anos. Além de Close, Sigourney Weaver, Samantha Morton e Michelle Pfeiffer engrossam uma vasta lista de atrizes que mereciam ter um Oscar na estante. Destaco neste combo cinco performances que já mereciam ter garantido às suas intérpretes um careca dourado em casa!
5 Asas do Amor (1997) O filme romântico de Iain Softley rendeu a primeira indicação ao Oscar de Helena Bonham Carter. Baseado na adaptação do aclamado romance de Henry James, Helena nem sonhava em ser a senhora Tim Burton quando teve a descomunal performance como a oportunista Kate Croy, que arma o namoro de seu amante (Linus Roache) com uma herdeira adoentada. Os conflitos gerados por essa situação bem que poderiam ter rendido o prêmio para a atriz - que foi derrotada por Helen Hunt por Melhor é Impossível. Helena só conseguiu outra indicação ao Oscar no ano passado como coadjuvante em O Discurso do Rei (que lhe rendeu o BAFTA), mas bem que merecia outras pela maluquete Marla Singer (Clube da Luta/1999), pela Srª Lovett (Sweeney Todd/2007) e por salvar os piores filmes do seu esposo na pele da macaca Ari (Planeta dos Macacos/2001) ou a Rainha Vermelha de Alice (2010). Apesar de famosa por papéis esquisitos, a atriz já provou que pode fazer todo tipo de personagem.
4 O Sexto Sentido (1999) A australiana Toni Collette é uma camaleoa e coleciona inúmeros papéis interessantes - mas apenas uma indicação ao Oscar, pelo seu papel de coadjuvante neste sucesso estrondoso de M. Night Shyamalan. No papel da mãe do menino que vê gente morta, Toni tem momentos inesquecíveis. Seja com os sustos pelas situações inexplicáveis que o menino se mete ou pela tocante cena do carro ao final da sessão. A performance de Toni me comoveu mais do que a psicótica de Angelina Jolie em Garota, Interrompida - que acabou levando o prêmio daquele ano. Porém, a Academia já poderia ter se rendido ao talento da atriz desde que apareceu para o mundo no inesperado sucesso de O Casamento de Muriel (1994), ou pela depressiva Mandy Slade de Velvet Goldmine (1999), pela marcante participação em As Horas (2002), pela mãe de Pequena Miss Sunshine (2006) ou como a vizinha grávida do polêmico Tabu (2007).
3 A Família Savage (2007) Aclamada por sua atuação no seriado The Big C, Laura Linney já provou ser uma atriz de muitos recursos e a cada filme demonstra ser melhor! Sua última indicação ao Oscar de atriz foi na pele de Wendy Savage - uma escritora que vive uma bagunça emocional (enquanto aguarda o financiamento para uma obra, envolve-se com um homem casado e lava a roupa suja com o irmão intelectual quando buscam um asilo para o pai que está ficando senil). Linney pega essa personagem complicada e a transforma numa mulher adoravelmente humana. Linney acabou perdendo o Oscar para a assombrosa Marion Cotillard (Piaf) - mais uma derrota para sua coleção, já que concorreu anteriormente como a devotada irmã de Conta Comigo (2000) e a esposa moderninha de Kinsey (2004). Laura ainda merecia indicações por O Show de Truman (1998), A Lula e a Baleia (2005), Sobre Meninos e Lobos (2003) e pela dondoca de Diário de Uma Babá (2001).
2 Beleza Americana (1999) Quando vi Annette Bening no filme de estreia do diretor Sam Mendes eu achei que ela finalmente ganharia o Oscar, mas acabou perdendo para Hillary Swank (Meninos não Choram), o que considero ainda hoje uma injustiça! A senhora Warren Beatty está fascinante como a senhora Susan Burnhan que tenta viver o sonho americano enquanto enfrenta uma crise no casamento e na vida profissional. Enquanto o esposo parece voltar para a adolescência, Susan o trai com um concorrente no ramo imobiliário, ouve fitas motivacionais e se matricula e aulas de tiro. Há quem considere sua atuação caricata, mas acho que esses não entenderam a proposta do filme, que descasca arquétipos como se fossem cebolas. Não entendeu? Então confira a cena em que Annette despe sua personagem de toda sua armadura ao final - é arrepiante! Bening já havia concorrido ao Oscar anteriormente por Os Imorais (1990) e depois voltou ao páreo com Adorável Julia (2004) e Minhas Mães e Meu Pai (2010). Ainda não entendo como ela ficou de fora em 2007 quando foi a mãe desequilibrada de Correndo com Tesouras ou como a amarga mulher de Vidas Cruzadas (2009).
1 Boogie Nights (1997) Acho que Julianne Moore se tornou uma dessas atrizes que achamos que já ganhou um Oscar e pronto, ela nem precisa ganhar um de fato! Seu primeiro reconhecimento pela Academia veio como a diva pornô do segundo filme de Paul Thomas Anderson. Merecidamente indicada ao prêmio de coadjuvante, Julianne está indescritível como Amber Waves, uma mulher divorciada que tenta conseguir a guarda da filha enquanto lida com a decadência do cinema pornô na década de 1970 - e sua mistura de festas, discoteca, drogas e a formação de uma família incomum ao lado de outros profissionais do gênero. Moore se transforma na pele de sua personagem e boa parte da nação cinéfila considera que ela merecia o prêmio mais do que Kim Basinger (Los Angeles: Cidade Proibida). Julianne ainda foi lembrada por suas atuações em Fim de Caso (1999), As Horas (2002) e Longe do Paraíso (2002), mas ela ainda merecia indicações por A Salvo (1995), O Grande Lebowski (1998), Magnólia (1999), Ensaio sobre a Cegueira (2008), Direito de Amar (2009), Minhas Mães e Meu Pai (2010) e, (ufa!) pela comédia Amor a Toda Prova (2011). Com um currículo desses, acho que até a Academia pensa que ela já tem um Oscar em casa!