Os irmãos: como deter o Apocalipse?
Com o cancelamento das séries da Marvel e os heróis da DC já com dias contados por conta do serviço de streaming da editora, a Netflix passará a investir em adaptações de quadrinhos de selos menos conhecidos. Assim, a primeira investida é The Umbrella Academy, criado pelo vocalista do My Chemical Romance, Gerard Way e pelo brasileiro Gabriel Bá, do selo Dark Horse. O resultado se tornou um fenômeno de audiência e já existe as especulações para uma segunda temporada. A série conta a história de sete crianças que nasceram de forma misteriosa, já que as mães não estavam grávidas minutos antes de darem a luz. O fenômeno aconteceu ao redor do mundo com dezenas de mulheres, mas a trama se concentra nas sete que foram adotadas por um milionário excêntrico chamado Reginald Hargreeves (Colm Feore). Com o tempo, ele descobriu que as crianças tinham poderes especiais e as treinou treinadas para formarem um grupo de super-heróis. Hargreeves não era muito atencioso, ao ponto de batizar seus filhos apenas com números, deixando os nomes por conta de uma babá robótica gentilmente chamada de Mãe (Jordan Claire Robbins) que ajudou a criar o fortão Luther (Tom Hopper), também chamado de Spaceboy pelo tempo que viveu na Lua, a influenciadora Allison (Emmy Raver-Lampman) que se tornou atriz, o que fala com os mortos Klaus (Robert Sheehan), o falecido Ben (Justin H. Min) que possuía tentáculos em seu abdome, o bom de mira Diego (David Castañeda) e Número Cinco (Aidan Gallagher que considero o grande destaque da temporada) - que por viajar no tempo e no espaço acabou desaparecido. Não posso esquecer de Vanya (Ellen Page), a número sete, que cresceu deprimida por não ter poderes e se dedica a tocar violino. Faz tempo que os irmãos não se encontram e eles se juntam novamente quando o patriarca morre. O que poderia ser um reencontro de luto se torna uma espécie de terapia familiar, onde as diferenças e ressentimentos de todos vem à tona. Ao longo dos dez episódios os personagens irão especular sobre a morte do pai, vão lavar roupa suja, colocar pingos nos is, brigar com alguns vilões viajantes no tempo (estes vividos pela dupla de respeito Mary J. Blige e Cameron Britton) e tentar impedir o apocalipse iminente. Em termos de história, a série mistura várias referência, de Watchmen à X-Men, passando pelo mais recente Casa das Crianças Peculiares, todos estes ingredientes funcionam pela energia com que o criador Jeremy Slater os costura com bom humor, violência absurda, elementos de ficção científica, um tanto de sinistrice e ótima direção de arte. O trabalho do elenco também ajuda bastante perante os segredos que se revelam aos poucos e que colocará em risco não apenas os personagens, mas, especialmente os laços que os une (os separa, sei lá). Esperto em sua narrativa um tanto nonsense, Umbrella Academy cria para si o desafio de agradar espectadores de várias idades e garantir à Netflix um programa capaz de absorver o público órfão das séries que deixaram sua grade. Embora tenha alguns deslizes (fiquei um tanto saturado com o uso cômico de músicas em cenas de ação ou as longas dancinhas que os irmãos apresentam de vez em quando), a série tem personalidade para várias temporadas.
Umbrella Academy (EUA-2019) de Jeremy Slater com Tom Hopper, Ellen Page, Aidan Gallagher, Mary J. Blige, Cameron Britton, Emmy Raver-Lampman, Robert Sheehan, David Castañeda, John Magaro e Colm Feore. ☻☻☻☻
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