sábado, 9 de março de 2019

Na Tela: Capitã Marvel

Brie: perdida na personagem.

Segundo um amigo especialista em quadrinhos, a Capitã Marvel é uma das personagens mais mexida nas histórias da Marvel. Já aconteceram tantas coisas em suas tramas que imagino a dificuldade que os roteiristas tiveram para criar o filme. Acrescente a isso o fato de que faz tempo que tentavam levar a heroína, aclamada como a mais poderosa da editora, para as telonas, mas nunca enxergaram o momento certo de apresentá-la aos cinemas. Ao que parece o sucesso de Mulher-Maravilha/2017 (o primeiro filme  solo de uma super-heroína a receber uma versão para o cinema) ajudou a dar um empurrãozinho quando a Capitã tinha outro problema para resolver: como introduzir a personagem em um universo já consolidado após mais de dez anos de Marvel nas telonas? Some a isso a etapa radical que o universo dos heróis chegou após o final de Guerra Infinita (2018) e você terá ideia do desafio que os roteiristas tiveram em mãos. Talvez por conta de tantas variáveis, Capitã Marvel é um filme que demora para decolar. Sua necessidade de se encaixar no MCU é visível, ao mesmo tempo, o fato de se dar ao luxo de ser um filme de origem é uma grande ousadia. O filme conta a história da desmemoriada Vers (Brie Larson), membro da m Força de Elite da Raça alienígena Kree, que há algum tempo está em Guerra com a raça Skrull - formada por seres metamorfos que pretendem invadir planetas. Capturada do meio de um embate, Vers percebe que reencontrar o seu passado pode ajudar a acabar com a guerra entre as duas espécies. Ela desaba na Terra e descobre suas origens humanas - o que interfere diretamente nos seus super-poderes. Seguir a cartilha para apresentação da personagem sem grandes surpresas não é o maior problema do filme, embora em seu desfecho o filme ganhe energia, na maior parte do tempo, o filme é bastante frio. Colabora muito para isso o desconforto de Brie Larson (oscarizada por O Quarto de Jack/2015) na personagem, este fato pode até ser proposital para compor a heroína que está sempre em dúvida sobre quem ela é de verdade, mas a abordagem não empolga. Neste aspecto, chegamos à outra fraqueza do filme: a direção. Não entendi o motivo do estúdio convidar a dupla Anna Boden & Ryan Fleck para dar forma ao filme, seja no drama Half Nelson (2006) ou na comédia Se Enlouquecer, não se Apaixone (2010), não consigo enxergar um traço que possa indicar que os dois teriam habilidades para contar uma história de herói. Da mesma forma, os dois não demonstram estilo para compor um filme de encher os olhos, mesmo a ambientação nos anos 1990 não chega a empolgar.  Este deslize na escolha dos diretores aparece também na atuação de Samuel L. Jackson como Nick Fury, embora ele esteja divertido em cena na pele de um agente mais jovem, este Fury não tem relação nenhuma com o que estamos acostumados a ver. O resultado é um filme que cozinha nossa ansiedade crescente por Vingadores: Ultimato (2019) e após a primeira cena pós-crédito (e o filme tem duas) eu me perguntei se valia a pena terem feito um filme solo da personagem ambientado no passado, considero que seria mais interessante abordá-la dentro do contexto já estabelecido após Thanos e seus estragos. Ao voltar ao passado, a aventura solo da Capitã Marvel serve só para passar o tempo. 

Capitã Marvel (Captain Marvel/EUA-2019) de Anna Boden e Ryan Fleck com Brie Larson, Samuel L. Jackson, Jude Law, Ben Mendelsohn, Clark Gregg, Annette Bening, Djimon Hounsou e Lee Pace. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário