Oscar e seus amigos: um Mercenários levado a sério.
O americano J. C. Chandor chamou atenção da crítica faz tempo. Seu primeiro longa-metragem (o bom Margin Call/2011) lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original e fez muita gente gravar seu nome. Desde então, estes já perceberam que J.C. não cria para si uma zona de conforto, prefere escolher projetos com temas e gêneros diferentes. Se a estreia abordava uma empresa na véspera da explosão da última grande crise da economia americana (aquela, da marolinha), seu filme seguinte colocava Robert Redford em um texto sem diálogos lutando pela sobrevivência dentro de uma barco (Até o Fim/2013). Depois ele merecia ter feito bonito no Oscar com o magnífico O Ano Mais Violento (2014) - que bebia diretamente no final dos anos 1970 para criar uma atmosfera muito envolvente. Depois da completa esnobada da Academia de Hollywood, Chandor volta acompanhado do premiado roteirista Mark Boal (do oscarizado Guerra ao Terror/2009) numa produção original da Netflix. Há mais de Boal do que Chandor em Operação Fronteira. É o tipo de filme que costumo passar longe, mas com estes nomes e um elenco interessante não há desculpa para resistir. O filme parte de uma premissa bastante batida: um grupo de agentes especiais se reencontra para descobrir o paradeiro de um grande traficante da América Latina. A ideia parte de Santiago (o catalão Oscar Isaac), que procura o amigo aposentado em crise Tom (Ben Affleck), o parceiro Francisco (Pedro Pascal), além dos irmãos William (Charlie Hunnan) e Ben (Garrett Hedlund). O quinteto parte para uma jornada que inclui vários países latino americanos (o Brasil inclusive) e encontram várias surpresas pelo caminho. Na jornada eles colocarão as vidas em risco, viverão dilemas, matarão inocentes e terão vários confrontos com traficantes. O resultado não impressiona, mas tem momentos de grande tensão (especialidade de Chandor), mas os personagens não dão liga, provavelmente porque suas personalidades não são muito trabalhadas na trama, com isso você nunca se envolve realmente com nenhum deles. Ben Affleck parece bastante aborrecido no filme (dizem que ele filmou durante as negociações que o colocaram para fora do novo filme do Batman), mas está convincente como o homem experiente que já está de saco cheio da vida. Os irmãos também não tem muito o que fazer além de um ser a frieza em pessoa e o outro ser desmiolado. Pascal é o que mais parece de carne e osso, mais por conta do ator do que pelo personagem. Oscar Isaac acaba assumindo o posto de protagonista, mas acho que você torce por ele mais pela química com a informante (a ótima Adria Arjona) do que por qualquer outra coisa. Curti a cena do helicóptero, a casa cheia de dinhe Operação Fronteira é um filme de ação que faria sucessoiro e outras duas cenas. Se fosse lançado nos cinemas agradaria aos fãs do gênero e talvez rendesse até continuação com seu estilo de Os Mercenários (2010) com alguma seriedade. No entanto, os fãs de aclamado diretor ficarão decepcionados.
Operação Fronteira (Triple Frontier/EUA-2019) de J.C. Chandor com Oscar Isaac, Ben Affleck, Pedro Pascal, Charlie Hunnan, Garrett Hedlund e Adria Arjona. ☻☻☻
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