Cinco filmes assistidos em dezembro e janeiro que merecem destaque:
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
domingo, 30 de janeiro de 2022
PL►Y: Cala boca, Phillip!
PL►Y: O Banquete
O Banquete (Brasil/2018) de Daniela Thomas com Drica Moraes, Mariana Lima, Caco Ciocler, Rodrigo Bolzan, Fabiana Gugli, Chay Suede, Gustavo Machado, Bruna Linzmeyer e Georgette Fadel. ☻☻
sábado, 29 de janeiro de 2022
PL►Y: Balada do Amor e do Ódio
PL►Y: Luca
Depois da confusão com a participação de bilheteria de Scarlett Johansson em Viúva Negra (2021) que acabou lançado no Disney+, agora é a vez da Pixar reclamar do lançamento de seus três últimos filmes na plataforma de streaming. Depois de Soul (2020) passar com isso por conta da pandemia, Luca foi o segundo a ir direto para a plataforma do Mickey e sua turma (e o recente Red irá pelo mesmo caminho no dia onze de março). Embora a pandemia ainda continue por aí, a Disney garantiu o lançamento de seu Encanto (2021) nos cinemas ao redor do mundo... tretas à parte, talvez, lá no fundo, a empresa tenha percebido que Luca não teria grande apelo nas bilheterias com a história de um monstro marinho que ao sair do mar se torna um menino e vive aventuras na terra firme. Esta premissa se parece com várias outras histórias que já vimos antes, desde o clássico A Pequena Sereia (1989) até o japonês Ponyo (2008), mas aqui ganha outros rumos para trazer alguma novidade, especialmente numa narrativa que apela contra o preconceito ancorado na simbologia do que pode ser visto como estranho, diferente, monstruoso... claro que o protagonista é uma fofura, seja na sua forma de monstro marinho ou de menino, assim como seu amigo, Alberto que serve de guia para suas aventuras em terra firme ao longo do filme. No entanto a estrutura do roteiro sobre dois amigos que vivem uma grande aventura e no final apresenta uma grande lição aos demais personagens já parece um tanto batida, além disso, todo o tom da história parece voltada para as crianças pequenas. É verdade que o capricho da animação e o visual deslumbrante (seja no fundo do mar ou na Riviera italiana) ajuda a compor um filme a que se assiste sem problemas, mas também sem surpresas. Obviamente que haverão pessoas fazendo leituras mais elaboradas sobre os dois meninos que viviam felizes em uma linha compartilhando um segredo que pode ser descoberto quando os dois decidem ir juntos para uma cidade e colocar em risco suas peripécias... mas lá também eles fazem amizade com uma menina e descobrem que para conhecer o mundo precisam de muito dinheiro. Luca é um filme bastante simples e fácil de gostar se você não esperar um dos roteiros genialmente elaborados da Pixar, mas até quando o roteiro do estúdio não é grande coisa, o resultado alcançado ainda pode ser visto como um acerto.
Luca (EUA-2021) de Enrico Casarosa com vozes de Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman, Saverio Raymondo e Maya Rudolph. ☻☻☻
sábado, 22 de janeiro de 2022
Pódio: Dev Patel
Bronze: o futuro milionário. |
Prata: o perdido crescido. |
Ouro: o lendário sobrinho. |
FILMED+: A Lenda do Cavaleiro Verde
Lançado nos Estados Unidos em julho do ano passad, The Green Knight foi saudado como o melhor filme de 2021, mas conforme o tempo foi passando, ele perdeu fôlego para as premiações (embora tenha entrado na lista indie do National Board of Review e recebido duas indicações no Gotham Awards). Com a pandemia, a situação do filme no Brasil ficou complicada, já que sofreu diversos adiamentos e agora encontra espaço no streaming do Prime Video. Ao ver o filme eu só lamento que não podemos ver o visual inebriante da produção numa telona de cinema, já que o diretor David Lowery constrói aqui uma verdadeira obra-prima. O roteiro é baseado na história "Sir Gawan e o Cavaleiro Verde" que faz parte dos Contos da Távola Redonda, as histórias orais do século XVI que giram em torno do lendário Rei Arthur e seus Cavaleiros. Gawan é o sobrinho do Rei Arthur e a escolha ousada de Dev Patel para interpretá-lo mostra-se um grande acerto ao longo do filme, já que ele consegue dar conta das nuances que o personagem exige, sobretudo com relação às suas inseguranças perante sua conturbada jornada. Embora não seja um cavaleiro, o rapaz tem acesso ao convívio dos Cavaleiros de seu tio e ao participar de uma celebração natalina na corte recebe a visita do Misterioso Cavaleiro Verde. De estranha aparência arboreal, o cavaleiro desafia um dos presentes a feri-lo, desde que no próximo natal, este o procure e permita que retribua o gesto. Gawan aceita o desafio, sem pensar nas consequências a longo prazo. Passado um ano, ele hesita ao partir ao encontro do Cavaleiro Verde, sabe que se retornar terá se tornado uma lenda, mas existe grande chance de não voltar para a proximidade de sua mãe (Sarita Choudhury) e da mulher que ama (Alicia Vikander). Quem conhece o estilo de Lowery (de Sombras da Vida/2017 e Amor Fora da Lei/2013) sabe que ele não tem muito interesse em cenas de ação, prefere atmosferas mais intimistas refletindo um verdadeiro turbilhão de emoções em cadência contemplativa. Aqui, ele soma este coeficiente comum de seus filmes anteriores a ambientações impressionantes, seja de construções opressoras ou de paisagens naturais traiçoeiras (valorizadas pela belíssima fotografia de Andrew Droz Palermo, o mesmo de Sombras da Vida). Em sua jornada, Gawan reflete sobre seus medos, encontra personagens perigosos, sinistros e sedutores que alimentam o tom reflexivo sobre as possibilidades que o personagem possui ao seguir seu caminho repleto de magias. Este ponto é o que faz o final ter um caráter surpreendente em seu último momento, já que, embora sombrio, faça o espectador compreender as motivações de Gawan perante seu algoz. Devo confessar que sou fascinado pelos Contos da Távola Redonda, mas que sempre estranho quando os estúdios resolvem fazer filmes de ação e esquecem o que eles possuem de mais relevante por trás de seus embates: os dilemas morais. São eles que dão o peso fundamental nas construção das histórias e dos personagens que tornam as histórias da mitologia medieval populares até hoje. Se pudesse entrevistar o David Lowery, eu perguntaria se ele assistia o clássico desenho Rei Arthur realizado pelo estúdio japonês Toei (produzido em 1979 e cultuado desde então), já que o A Lenda do Cavaleiro Verde lembra muito os momentos assustadores presentes naquele desenho, só que aqui, adaptados para uma precisa atmosfera adulta cinematográfica. Adoraria vê-lo voltando a este universo com a mesma energia que apresenta aqui (mas já o escalaram para mais uma versão de Peter Pan...). The Green Knight é um filme de encher os olhos e a imaginação do espectador.
A Lenda do Cavaleiro Verde (The Green Knight / Irlanda - Canadá - EUA / 2021) de David Lowery com Dev Patel, Alicia Vikander, Joel Edgerton, Sarita Choudhury, Sean Harris e Ralph Ineson. ☻☻☻☻☻
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
PL►Y: The Wise Kids / Henry Gamble's Birthday Party / Princess Cyd
Se estes dois filmes parecem complementares (sobretudo para notar a evolução de Cone enquanto cineasta) o terceiro filme merece destaque ainda maior. Princess Cyd (2017) é o último filme lançado pelo diretor. Aqui alguns temas dos filmes anteriores aparecem novamente (soam como verdadeiras obsessões para Cone), mas a forma como surgem na história é mais orgânica, talvez seja o efeito de restringir o número de personagens que tem em mãos e mudar o foco do masculino para o feminino (o que traz a busca de um novo ponto de vista que é muito bem vindo à cinematografia do diretor). É realmente impressionante como Stephen Cone consegue criar personagens femininas tão bem delineadas e que desenvolvem entre si uma relação tão rica. Ajuda muito também o fato do diretor investir ainda mais em movimentos de câmera e cortes mais precisos, o que oferecem à produção um ritmo ainda mais especial, com maior fluência cinematográfica e um formato menos "quadradinho" de contar a história. A começar pelo início, em que antes que alguma cena apareça, ele chama nossa atenção para algo terrível que aconteceu. Quando finalmente conhecemos a protagonista, Cyd (Jessie Pinnick), vários anos se passaram daquele incidente mencionado. Não sabemos ao certo quem é ela ou o que aconteceu, apenas descobrimos que o relacionamento dela com o pai não é muito bom, que ela sonha fazer faculdade e considera que uma visita de verão à tia em Chicago é uma boa ideia. Miranda Ruth (ótimo trabalho de Rebecca Spence), a tia, é uma escritora conhecida na região e de vez em quando leciona na Universidade local. Se no início ela fica um pouco tensa com a presença da sobrinha que não vê faz tempo, aos poucos, ela começa a apreciar a companhia da menina. Miranda é muito bem resolvida, mas a presença de Cyd começa a motiva-la a se abrir mais para o mundo, seja a encontrar prazer em uma manhã tomando sol no jardim, uma tarde na praia ou perceber que um amigo talvez possa se tornar mais do que apenas um companheiro de conversas literárias. Ao mesmo tempo, Cyd também irá perceber que aquilo que para ela é tão importante, para outras pessoas pode não ser. Interessada por pessoas de ambos os sexos, desinteressada por literatura e religião, o diretor Stephen Cone demonstra saber a medida exata de estabelecer uma tensão constante entre as duas personagens para desconstruí-la aos poucos, pedaço por pedaço com diálogos primorosos, assim, ele cria uma narrativa que evolui aos poucos entre a convivência das duas personagens. A relação entre as duas é construída de forma tão refinada que até o namoro de Cyd com a barista não binária Katie (Malic White) fica ofuscado, embora, o roteiro saiba como armar muito bem os momentos ternos entre este par romântico tratado com naturalidade, sem vestígio de sensacionalismos (um verdadeiro achado). No entanto, as cenas mais memoráveis do filme fica mesmo por conta de tia e sobrinha, que terminam o filme com aquela conversa breve no telefone e deixa o espectador com vontade de manter aquela atmosfera afetuosa na memória por muito tempo. Com suas histórias sensíveis sobre o crescimento de jovens e adultos, Stephen Cone se tornou um nome a ser notado.
Henry Gamble's Birthday Party (EUA-2015) de Stephen Cone com Cole Doman, Joe Keery, Pat Healy, Elizabeth Laidlaw, Daniel Kyri, Travis A. Knight, Melanie Neilan, Francis Guinan e Tyler Ross. ☻☻☻
PL►Y: Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Tony e Liu: recorte e colagem chinês Made in Hollywood. |
Confesso que demorei uma eternidade para escrever sobre este filme da Marvel por ter enfrentado um verdadeiro desafio de ficar acordado durante as vezes em que tentava assistir. É preciso dizer que a partir de certo ponto eu até fiquei interessado nos rumos na história, mas, o motivo sonífero da produção sempre estava presente. Calma, eu explico. Quando a Marvel anunciou que em sua nova fase eles adaptariam o personagem Shang Chi para o seu universo cinematográfico, muita gente ficou surpresa com os planos para um personagem que não vive o auge de sua popularidade faz tempo. Criado em 1972 para aproveitar o sucesso da série televisiva King Fu, Shang Chi teve uma HQ só para ele até 1983, depois se tornou coadjuvante de histórias estreladas pelo Punho de Ferro, Cavaleiro da Lua e até dos X-Men. Enquanto a fase pós-Ultimato vai ganhando forma, surgiu o filme de origem do personagem em tempos de pandemia (e de olho no vasto mercado oriental). A história é bem simples: Shang Chi (Simu Liu) é um jovem chinês que saiu de seu país e foi viver nos Estados Unidos sossegado, até que um grupo de personagens misteriosos aparecem para que seu passado seja descoberto. Afinal, ele é filho de Wenwu (Tony Leung), um guerreiro imortal que o treinou desde pequeno para ser seu sucessor. Este seria o rumo natural das coisas se Shang não houvesse descoberto que seu pai está longe der ser a pessoa nobre que ele imaginava. Eis que o rapaz voltará para a China com sua melhor amiga (Awkwafina) e sua complicada história familiar começa a tomar conta do roteiro. Além do passado de sua mãe, ele reencontra a irmã rancorosa e até uma tia (que vive num lugar repleto de magia). Ah, o filme também tem lutas super elaboradas em ônibus, ringues da dark web, em andaimes de um prédio, além de guerra com dragões ameaçadores e tudo mais que os roteiristas Dave Callaham e Destin Daniel Cretton (que também assina a direção) assistiram em filmes de ação chineses nas últimas décadas. São tantas referências já assistidas em tantos filmes (de O Tigre e o Dragão/2000 até os sucessos de Jackie Chan) que achei difícil me envolver com tudo o que estava acontecendo. É verdade que tem efeitos especiais esmerados (mas que por vezes deixam claro sua artificialidade) e, talvez para se equilibrar com o plot que se leva a sério demais, o filme resolveu fazer troça com alguns de seus próprios elementos com as atuações de Awkwafina e Ben Kingsley (que retoma aqui o criticado Mandarim para passa-lo a limpo). Mas nem tudo é postiço, Simu Liu consegue injetar carisma ao seu personagem parrudo e bom moço, mas quem rouba a cena mesmo é o ótimo Tony Leung (astro de vários filmes de Wong Kar-Wai) que desvia seu personagem do arquétipo de vilão tradicional (especialmente por ter uma pendenga familiar no meio do caminho). Sobre os Dez Anéis, vale dizer que ele compõem parte do belo visual do filme, mas no fim da contas, com todo seu recorte e colagem, Shang Chi não me deixou empolgado.
Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang Chi and The Legend of the Ten Rings/EUA-2021) de Destin Daniel Cretton com Simu Liu, Tony Leung, Awkwafina, Fala Chen, Michelle Yeoh, Meng'er Zhang, Ben Kingley e Florian Monteanu. ☻☻
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
4EVER: Elza Soares
Nascida no Rio de Janeiro, Elza Gomes da Conceição teve uma uma infância pobre, ajudava a mãe nos serviços domésticos, mas gostava de brincar com os meninos na rua. A vida de Elza não foi fácil, o casamento arranjado quando ainda era adolescente e a vivência ao lado dos filhos antes dos vinte anos sempre lhe garantiu histórias sofridas. Os trabalhos lhe rendiam pouco dinheiro alimentavam seu sonho de ser cantora, bastou se apresentar no programa de rádio apresentado por Ary Barroso para que a voz peculiar chamasse atenção. Em 1960 o sonho de trabalhar somente com música se realizou. Anos depois seu relacionamento com o jogador Garrincha chamava atenção da mídia (e o relacionamento entre os dois virou até filme, Estrela Solitária/2003, em que a cantora foi vivida por Taís Araújo). Elza lançou mais de trinta álbuns ao longo de sua carreira, foi eleita em 1999 pela Rádio BBC de Londres o título de cantora brasileira do milênio. Prestes a completar 70 anos sua carreira ganhou novo fôlego com o CD Trajetória (1997) e com A Mulher do Fim do Mundo (2015), Elza consolidou de vez sua imagem de ícone para uma nova geração de fãs. A atriz faleceu em decorrência de causas naturais em sua residência.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
4EVER: Gaspard Ulliel
PL►Y: The House
Um: a origem. |
Dois: a ruína de um rato. |
Três: navegar é preciso. |